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GANHAR VELOCIDADE COM FREIO NA MÃO PUXADO?

Voltamos a ser o país que poderia estar crescendo muito, mas não consegue. Durante vários anos fomos qualificados como país do futuro e parecia que, pouco tempo atrás, o futuro havia chego. Contudo, não durou muito tempo. Segundo o governo: culpa da retração internacional. Segundo a grande maioria dos economistas e analistas: culpa nossa. Continuamos apostando num modelo esgotado e não fizemos a lição de casa. Enquanto melhoravam as nossas relações de troca, havia grandes contingentes de mão de obra a incorporar ao mercado e, ainda, havia a oportunidade de promover o aumento de consumo de forma saudável pela expansão do crédito, da massa salarial e das transferências de renda, o país viveu dias de cinderela. Mas o encanto logo se quebrou.
Será que só a China conhece a fórmula do crescimento rápido? Certamente não. Nós mesmos já navegamos a muitos nós. Nas décadas de 1940 a 1980, segundo Yoshiaki Nakano, um dos fundadores do Movimento Brasil Eficiente (MBE), o Brasil foi campeão de crescimento, a uma taxa de 7% ao ano. Foram anos de muito investimento. Hoje o Brasil investe apenas 17% do PIB, enquanto outros países emergentes, investindo de 25% a 30%, vêm conseguindo crescer de 4% a 5%. A China é um caso à parte, pois investe mais de 40%. Se quisermos crescer 5% ao ano temos que investir 25% do PIB.
Investir, todavia, requer poupança. A poupança do país é a soma do que pessoas, empresas e governo conseguem economizar daquilo que ganham. Teoricamente, quanto mais se ganha, maior pode ser a economia. Segundo o economista Samuel Pessoa, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Brasil isso não acontece porque o aumento da renda vem sendo direcionado ao consumo. Isso contribui para que a nossa poupança fique girando em torno dos 15% do PIB, enquanto em países asiáticos chega a ultrapassar os 40%. Se as famílias poupam pouco, devido ao constante estímulo ao consumo, o governo, por sua vez, é despoupador líquido, isto é, consome parte das já minguadas economias que conseguimos juntar, apesar dos altos impostos que cobra.
Fernando de Holanda Barbosa, pesquisador da FGV, diz que “ninguém fica rico com a poupança dos outros. O Brasil precisa seguir o modelo asiático: poupança elevada, educação de primeira e investimentos em infraestrutura”. Mais de dois terços da poupança nacional vem das empresas, que, todavia, tem sua capacidade de economizar comprometida por uma carga tributária opressiva. Além do caos e dos custos provocados por leis e regras insanas, os impostos consomem 68% dos lucros das companhias do país, contra uma média de 47% na América Latina e de 41% nos países desenvolvidos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – IBPT, de 2001 a 2013, para uma variação da inflação (IPCA) de 126,5%, a arrecadação tributária cresceu 393,5%. Mesmo assim, o governo continua não cumprindo as metas de superávit primário. A explicação está na explosão dos gastos públicos. De 2004 a 2013 os impostos evoluíram a uma taxa média de 6% ao ano, mas as despesas correntes cresceram 6,3% e a economia muito menos, 3,8%. Estudos do MBE, e de outros economistas, entre os quais o ex-ministro Delfim Netto, concluíram que uma expansão do gasto público corrente abaixo da taxa de crescimento da economia é condição necessária para acelerar o avanço do país.

Carlos Rodolfo Schneider, empresário e coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE).

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