Blog do Prisco
Coluna do dia

A precipitação que levou ao isolamento

Na coluna de ontem, discorremos sobre o isolamento a que foi submetido o prefeito de Chapecó, João Rodrigues. Registre-se que ele próprio buscou esse desfecho. Senão, vejamos: ele precipitou o processo sucessório, buscando, lá em meados do ano passado, se colocar como uma alternativa, na expectativa de que isso gerasse visibilidade. Afinal, enfrentaria um governador candidato à reeleição, que está na mídia e já disputou uma eleição majoritária ao Senado em 2018. Portanto, vai para a terceira corrida eleitoral estadualizada. João Rodrigues restringiu-se, até hoje, a quatro eleições majoritárias na cidade de Chapecó. Por mais que seja a capital do grande Oeste, tratam-se de eleições municipais. Fora isso, foi deputado estadual e federal em eleições proporcionais. O fato de ele ter precipitado o processo fez com que o governador reagisse e buscasse composições que acabaram deixando João Rodrigues completamente ao relento. Qual partido está com ele? Até aqui, nenhum. Nem mesmo o PSD, sigla do prefeito chapecoense, está inteiro em torno do seu projeto.

Dissidência

Citemos apenas dois nomes: o prefeito de Florianópolis, Topázio Silveira Neto, e o ex-deputado Paulinho Bornhausen.

Caminho

Sem falar em outros prefeitos, vice-prefeitos e lideranças que também poderão buscar adesão à reeleição de Jorginho Mello — vindos pelas mãos dos dois. Paulinho, inclusive, é secretário de Estado.

Histórico

Se fizermos uma retrospectiva de eleições em que o candidato foi sozinho para o pleito, é possível perceber que o resultado não foi nada alentador. Comecemos por 2018, quando Décio Lima teve sua primeira experiência como candidato ao governo de Santa Catarina.

Canhotos

Disputou, literalmente, sozinho com o PT. Nenhuma outra sigla de esquerda o acompanhou. Naquela eleição, PSOL, Rede e PSTU lançaram seus próprios candidatos. Décio Lima chegou em quarto lugar, mas não fez nem 13% dos votos — coincidentemente, o número do PT.

Pódio

Mauro Mariani, que ficou em terceiro, abriu mais de dez pontos de vantagem. Foram para o segundo turno Gelson Merisio, com 31%, e Carlos Moisés, com 29%. No segundo turno, Moisés teve uma vitória esmagadora.

Quarto lugar

Em 2022, o que tivemos? Gean Loureiro, que não estava isolado, foi cabeça de chapa pelo União Brasil. Renunciou à prefeitura da Capital e concorreu ao governo com apoio integral do PSD e do União Brasil, ambos fechados com Gean. O que aconteceu? Fez pouco mais de 13,5% dos votos.

Composição

E isso com um ex-governador de dois mandatos como candidato ao Senado, Raimundo Colombo, e Eron Giordani — uma extensão de João Rodrigues — como vice.

Na decisão

De que maneira João Rodrigues será candidato em 2026? Vejam que os percentuais de 2018 e 2022 ficaram próximos, com diferença de apenas um ponto percentual. Só que Décio Lima, na sua segunda disputa ao governo, em 2022, foi para o segundo turno.

Aperto

É verdade que venceu por uma pequena margem de Carlos Moisés, mas fez 17% e foi ao segundo turno, quando alcançou 28,5% dos votos. O que esperar de João Rodrigues neste cenário?

Risco

Dificilmente o pessedista conseguirá suplantar uma coligação das esquerdas. Até porque partidos satélites do PT devem repetir, em 2026, o que ocorreu em 2022 — especialmente diante de mais uma candidatura de Lula da Silva. A articulação nacional tende a impor essa unidade da esquerda, representando um risco real às pretensões de João Rodrigues.

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