Enganam-se redondamente aqueles que imaginam que o processo sucessório presidencial já está definitivamente delineado. Ledo engano. Muita coisa vai acontecer até 4 de abril, prazo fatal da desincompatibilização, que é, também, quando expira o prazo das transferências partidárias.
Vejamos o movimento de Jair Bolsonaro indicando o primogênito, Flávio, como seu sucessor e candidato à Presidência. Qual foi a repercussão? Próxima de zero. Ele conseguiu reunir-se com os presidentes do PP e do União Brasil, que hoje formam a Federação Progressista, respectivamente Ciro Nogueira e Antônio Rueda. Ambos se manifestaram céticos com a pretensão eleitoral.
Marcos Pereira, do Republicanos, nem compareceu. Gilberto Kassab, do PSD, desejou boa sorte ao senador carioca. Baleia Rossi, do MDB, e Aécio Neves, do PSDB, sequer se pronunciaram, ignorando olimpicamente a pré-candidatura.
Novo momento
Na sequência, veio a manifestação de Donald Trump, que retirou as sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, sua esposa e o escritório de advocacia da família, com a sinalização do governo americano de também liberar os vistos dos ministros do STF e de autoridades do governo federal. Já registramos aqui que a decisão do norte-americano ocorre porque ele prioriza a questão econômica. Simples assim.
Golpe
A política e a ideologia ficam em segundo plano. Isso enfraquece o projeto de Flávio Bolsonaro. O pai, fora de combate, convalescendo na carceragem da Polícia Federal, deve ser submetido a uma nova intervenção cirúrgica a qualquer momento. Debilitado, enfraquecido, não vai apitar no processo.
Isolamento
O encaminhamento de Donald Trump também tirou força de Eduardo Bolsonaro, que está desde fevereiro nos Estados Unidos. Observa-se, então, que Flávio Bolsonaro não terá como levar esse projeto adiante. Até porque os outros três presidenciáveis, além de Tarcísio de Freitas — que é o mais forte —, já acenaram para o governador de São Paulo: Ronaldo Caiado, de Goiás; Romeu Zema, de Minas Gerais; e Ratinho Júnior, do Paraná.
Fiel da balança
Sem falar no Centrão, que ocupa espaços preciosos no Congresso Nacional, no Senado e, especialmente, na Câmara. E na própria Faria Lima, que reúne parcela significativa do PIB nacional e a nata do sistema financeiro brasileiro. Todos empenhados em viabilizar a candidatura de Tarcísio de Freitas, com reais perspectivas de derrotar a recandidatura de Lula da Silva.
Recado
Cenário que ficou patenteado na última sexta-feira, em um evento em São Paulo, onde, diante do próprio Lula, Tarcísio, em um discurso tranquilo, sereno, mas assertivo — ao mesmo tempo corajoso e leve —, deixou claro que o brasileiro não quer mais a polarização.
A chave
“Temos que virar a chave”, declarou o governador paulista. E olhar para a frente, para o futuro. Disse isso diante do presidente da República, de um Lula visivelmente sem graça ante a fala mansa, mas certeira, de Tarcísio de Freitas. Ainda há cerca de 100 dias pela frente, e tudo leva a crer que Tarcísio vai se viabilizar como candidato.
Sem chance
Flávio Bolsonaro não terá condições de sustentar a sua pré-candidatura, sob pena de passar um vexame eleitoral que só vai comprometer ainda mais a imagem do seu pai, hoje fora de combate.

