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Magistrados brasileiros chegam a ganhar 339 vezes a renda média da população

Com penduricalhos, salários ultrapassam R$ 80 mil por mês — IDS do Brasil é até quatro vezes maior que a média internacional

A elite do Judiciário brasileiro vive uma realidade salarial completamente desconectada da população que deveria servir. De acordo com o Índice de Disparidade Salarial (IDS), lançado pela associação Livres, há casos em que juízes federais e estaduais recebem até 339 vezes mais que a renda per capita da população — uma disparidade sem precedentes entre democracias modernas.
Com vencimentos que ultrapassam os R$ 80 mil mensais, graças a verbas indenizatórias e auxílios não sujeitos ao teto constitucional, magistrados brasileiros superam em até quatro vezes o padrão de desigualdade institucional verificado em países como Alemanha, Reino Unido e Canadá. O IDS médio dos juízes estaduais no Maranhão é de 53,3; em Alagoas, 43,5. O IDS dos ministros do STF é de 22,4.

“A falta de controle e transparência sobre benefícios e gratificações no Judiciário transforma o teto salarial em uma ficção. É uma distorção que impacta diretamente o orçamento público e aprofunda a sensação de injustiça social”, afirma Magno Karl, diretor executivo do Livres.

Penduricalhos turbinam salários e agravam injustiça institucional

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), só em 2024 foram registrados mais de 63 mil contracheques acima de R$ 100 mil, com casos isolados chegando a R$ 678 mil em um único mês. Essas distorções ocorrem com o aval da legislação atual, que permite o acúmulo de auxílios, indenizações, retroativos e pagamentos retroativos classificados como “indenizatórios”.
Essa prática eleva drasticamente a remuneração de juízes, tornando o teto constitucional de R$ 44 mil irrelevante na prática. Na comparação com a renda da população local, o resultado é um IDS altíssimo e fora de qualquer parâmetro internacional.
“É inaceitável que, em um país onde milhões vivem com menos de dois salários mínimos, um magistrado receba meio milhão de reais em um único mês — com verba pública e dentro da legalidade”, reforça Karl.

Comparação internacional: STF brasileiro lidera ranking global de disparidade

O IDS dos ministros do STF brasileiro (22,4) é mais que o dobro do verificado em cortes supremas de países como:

  • Argentina (11,9)
  • Reino Unido (11,3)
  • Suíça (6,3)
  • Alemanha (6,1)
  • Canadá (5,8)

Em nenhuma das nações analisadas o poder Judiciário concentra uma fatia tão desproporcional da renda pública como no Brasil.

O que é o IDS?

Índice de Disparidade Salarial mede quanto ganha, em média, uma autoridade pública em relação à renda domiciliar per capita da população que ela representa. O estudo cruzou dados da PNAD Contínua do IBGE (2023) com salários brutos de membros do Executivo, Legislativo e Judiciário em todas as esferas.

O objetivo do índice é explicitar o descolamento estrutural entre representantes e representados — e fomentar o debate sobre reformas institucionais que enfrentem essa desconexão.

Propostas para corrigir a distorção

Diante dos achados, o Livres propõe uma agenda de mudanças para restabelecer o equilíbrio institucional:

  • Proibição de verbas extras acima do teto constitucional
  • Controle externo e transparente sobre gratificações e benefícios
  • Criação de conselhos independentes para definir remunerações
  • Teto federativo proporcional à renda local
  • Inclusão do IDS como ferramenta oficial de monitoramento institucional

“Não se trata de demonizar o Judiciário, mas de defender a integridade do Estado. Um sistema de justiça desconectado da realidade social compromete sua própria legitimidade”, conclui Karl.

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