Já saíram contratadas! Poucas coisas na vida dão tanto prazer, satisfação e alívio quanto ter o próprio dinheiro. A luz própria de 13 mulheres de Lages brilha e, a partir de agora, abre-se mais o leque de possibilidades
Instruir-se, absorver e ser detentor de conhecimentos significa poder ir mais longe do que se pode imaginar. Através do trabalho podemos definir meios de sobrevivência; escolher enquadrar-se em determinados padrões econômicos e sociais; realizar sonhos materiais, como a compra de um automóvel, casa ou um sítio; viajar para conhecer lugares novos ou buscar treinamentos com a finalidade de adquirir ainda mais experiências, conhecer pessoas novas, ampliar o networking, expandir a visão de mundo, reter novas culturas de linguagem, idioma, gastronomia, artes, música e esporte e se autoafirmar perante o mundo; conquistar novos horizontes; cursar a tão desejada faculdade; ofertar estudos a um filho; fazer uma pós-graduação; conhecer um país diferente, e por que não, dar um passo mais longo e abrir o próprio negócio, lançando-se ao empreendedorismo? Para boa parte do planeta, ter uma profissão e, consequentemente, obter valores financeiros pela sua mão de obra reflete em autonomia, poder de escolha, independência, liberdade e poder.
Para 13 mulheres moradoras de Lages foram bem estes motivos que as levaram decidir por enfrentar o desafio de estudar aulas teóricas e práticas em uma capacitação na área têxtil, e o tão esperado dia da formatura chegou. Das 13 profissionais, nove já estão exercitando os conceitos, já inseridas no mercado de trabalho.
A qualificação profissional/curso de Corte e Costura concedido pela Prefeitura de Lages, por intermédio da Secretaria de Políticas para a Mulher e para o Idoso e da Secretaria da Indústria, Comércio e Inovação, com proposição da Procuradoria Especial da Mulher, da Câmara Municipal de Vereadores, chegou a sua conclusão em uma solenidade de entrega de certificados promovida na tarde desta terça-feira (28 de outubro), no Centro de Referência de Assistência Social (Cras II), situado no bairro Centenário.
O curso, totalmente gratuito, contemplou desde noções básicas de costura até técnicas mais avançadas, permitindo às alunas desenvolverem habilidades aplicáveis tanto em ateliês e confecções, quanto em pequenos negócios próprios. Paralelamente à fase prática, as participantes receberam orientações sobre empreendedorismo e como transformar o conhecimento em fonte de renda. As aulas iniciaram em 11 de setembro, prolongando-se por um mês e meio.
As instrutoras são colaboradoras da empresa parceira, CenciVeste Uniformes Profissionais, sediada no bairro São Luiz, pré disposta ao disponibilizar a equipe de execução do treinamento, e que absorveu/contratou as participantes do curso. Todo o treinamento ministrado no Centro de Referência em Assistência Social (Cras II) do bairro Centenário, por meio da intervenção da Secretaria Municipal da Assistência Social.
Na cerimônia de formatura estiveram presentes a prefeita de Lages, Carmen Zanotto; secretária de Políticas para a Mulher e para o Idoso, Suzana Duarte; secretário da Indústria, Comércio e Inovação, Joel Melo Junior; secretária da Assistência Social, Inês Salmória; coordenadora de Produção, Sabrina Antunes de Oliveira, e a vereadora e procuradora Especial da Mulher, Elaine Moraes, entre outras autoridades, familiares e amigos das costureiras.
As alunas formadas são:
Bruna de Jesus de Souza
Cremilda Fátima Antunes de Freitas
Érica Ribeiro Oliveira
Franciele Ribeiro Fernandes
Giovanna Ribeiro de Moura
Joseane Aparecida Branco
Juliana Aparecida Carvalho dos Santos
Kesi Cristina dos Santos
Natiele da Cruz Gonçalves Madruga
Simone Couto
Sirley Ribeiro de Jesus
Tainá Oliveira Ferino Muniz
Teresinha Oliveira da Luz
Suporte do Banco do Emprego e da Sala do Empreendedor
Uma das principais linhas de frente da Secretaria da Indústria, Comércio e Inovação compreende o Banco do Emprego, serviço de cadastramento de currículos, captação de vagas e cessão de salas para processos coletivos e individuais de seleção e capacitações. As mulheres recém formadas poderão contar com o respaldo do Banco do Emprego para encaminhamento a entrevistas de admissão. Para as mulheres com intuito de abrir empresa, como Microeempreendedora Individual (MEI), a Prefeitura abre o espaço da Sala do Empreendedor, com apoio sem custos.
Dinheiro no bolso e dentro de casa
Na análise da prefeita Carmen Zanotto, mulheres podem ser acionadas para participarem de entrevistas de emprego, gerar renda a si e à família e levar recursos extras ao lar, incrementando remuneração do esposo, nos casos em que sejam casadas. “O segmento de vestuário é extenso e permanente. Há várias empresas do ramo no nosso município e temos a convicção de que, com a capacidade técnica, interesse, determinação, disciplina e a demanda do mercado de trabalho, as costureiras profissionais do curso de Corte e Costura poderão demonstrar seu potencial com qualidade e produzir peças que serão comercializadas em diversas partes do Estado e do país. Temos orgulho delas e da sua vontade de vencer”, pondera a prefeita Carmen Zanotto, ao reiterar: “Experiência ímpar porque quem qualificou e preparou estas mulheres que hoje são certificadas, foi a própria empresa, ou seja, dentro da técnica e da necessidade das costureiras que a empresa tem. Então, e as quatro mulheres que optaram por não ir para o mercado de trabalho, é porque preferiram fazer o curso para uma formação pessoal e desenvolver estas atividades quando necessário dentro de casa, mas, é muito significativo nós termos mais nove mulheres trabalhando na confecção em função desta formação e desta modalidade que é preparar as mulheres para a costura conforme a necessidade da confecção.”
Escassez de mão de obra qualificada suprimida e solucionada na empresa por cursos rápidos e eficientes
Perto de 70% das costureiras certificadas contratadas pela CenciVeste. A coordenadora de Produção, Sabrina Antunes de Oliveira explica: “Na verdade, a empresa já vinha com uma falta de mão de obra. Costureiros a gente não tem, não tem qualificados. Precisávamos formar pessoas para colocá-las no mercado de trabalho. Abrimos um novo turno, das 18h à meia-noite. Seis pessoas destas formadas estão trabalhando neste novo turno. E você percebe que o fato de a empresa disponibilizar esta estrutura aqui no Cras, onde o curso aconteceu mais próximo da comunidade e onde é a sede da empresa, já provoca que se consiga ter um aproveitamento. As mulheres fizeram curso, chegaram sem experiência, receberam treinamento e já foram empregadas. Firmamos parceria com o Banco do Emprego, que selecionou já pessoas aqui da região. Assim, foi mais fácil para a gente contratá-las”, comemora.
Trabalho dignifica e modifica vidas
Nove famílias. “São nove famílias que a Cenci está ajudando diretamente. Podem até trabalhar em casa, pois há mulheres que não conseguem trabalhar fora por ter filho pequeno. Tem vantagens. Este curso será um conhecimento que elas vão levar para a vida inteira”, revela Sabrina.
CenciVeste e seus 80 funcionários
A empresa CenciVeste Uniformes Profissionais possui 80 funcionários atualmente. O Estado vizinho Rio Grande do Sul, onde está a matriz, fornece a matéria-prima e cortes para a confecção dos produtos. Depois da costura em Lages, os itens prontos são devolvidos para o Rio Grande, de onde são transportados para comércio.
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Simone Couto está devidamente profissionalizada, aos 41 anos de idade, e está se sentindo realizada demais. A moradora do bairro Centenário está em plena felicidade com o curso, e adivinha? Com o trabalho novo. “Olha, foi maravilhoso participar porque eu ‘tava’ procurando uma oportunidade já fazia um tempo, e o Banco do Emprego, um dia, me mandou mensagem e eu não acreditei. Daí eu vim ‘pra’ fazer o curso; muito, muito feliz. Até quando a Sabrina, que é a nossa chefe, chamou lá na empresa, eu voltei e cheguei em casa, assim, chorando, porque foi uma oportunidade que eu ‘tava’ precisando, já fazia um tempo. Eu tenho um filho de 16 anos e eu ‘tô’ precisando trabalhar”, desabafa a costureira, ao relatar sua história. “Eu estava casada há 20 anos; meu marido era caminhoneiro. Vai fazer um ano que eu ‘tô’ separada. Saí atrás de um emprego ‘pra’ poder continuar minha vida e sustentar o meu filho, né?! Aí comecei a fazer o curso. Graças a Deus estou empregada! Desde o dia 13. Foi uma mudança completamente, e ‘pra’ mim isso foi uma coisa que caiu do céu, pois eu já tinha passado várias vezes na frente da Cenci e ainda comentei um dia com a minha irmã: ‘Nossa, o que será que precisa ‘pra’ trabalhar nessa empresa, pertinho da minha casa, né?’ E acho que não deu um mês, eu acho, que daí eu recebi a mensagem do Banco do Emprego; se eu me interessava no curso, ‘pra’ automaticamente já estar empregada, e eu respondi: ‘Com certeza’. Fiz o curso e hoje estou trabalhando já, faz duas semanas. Eu sou costureira, estou na parte das facções, trabalho com malha, camisetas. Estou muito feliz.”


