Proposta visa proteger exportações de Santa Catarina em casos isolados de doenças em outros estados
Reunião na Embaixada
Diante dos impactos provocados pela suspensão de importações brasileiras após a detecção de um foco de gripe aviária no Rio Grande do Sul, deputados estaduais catarinenses se reuniram com representantes da Embaixada do Brasil em Pequim para defender a regionalização do protocolo sanitário brasileiro junto à China.
A reunião ocorreu nesta segunda-feira (23), na capital chinesa, com o ministro-conselheiro, João Batista do Nascimento Magalhães, chefe do setor econômico da Embaixada.
Participaram do encontro os deputados estaduais Fernando Krelling (MDB), vice-presidente da Assembleia Legislativa, Mauro De Nadal (MDB), Fabiano da Luz (PT) e Rodrigo Minotto (PDT).
Proposta de regionalização
O objetivo da comitiva foi discutir uma proposta de alteração no acordo sanitário vigente entre Brasil e China. Atualmente, qualquer registro de foco sanitário — mesmo que restrito a um único estado — resulta na suspensão das exportações em nível nacional.
A sugestão dos parlamentares é a adoção de um modelo regionalizado, em que apenas o estado afetado teria suas exportações suspensas, desde que os demais consigam comprovar a segurança e sanidade de seus produtos.
“Nosso estado é uma potência do agronegócio e infelizmente nos últimos tempos, devido à gripe aviária que surgiu no Rio Grande do Sul ficamos limitados de fazer exportações para a China. 80% das nossas exportações de suínos e frangos vem para cá, então o protocolo regionalizado será muito importante para que nosso estado não sofra as consequências por casos detectados em outras regiões do país”, afirmou o vice-presidente da Alesc, Fernando Krelling.
“Santa Catarina é reconhecida internacionalmente pelo seu rigor sanitário e não pode ser penalizada por situações registradas em outras regiões. Essa mudança no protocolo é fundamental para garantir previsibilidade e segurança ao nosso setor produtivo”, destacou o deputado Mauro De Nadal.
O deputado Fabiano da Luz acrescentou o potencial do estado para expandir as exportações para a China. “O interessante na conversa aqui com os representantes da Embaixada é que a China quer comprar tudo que a gente possa produzir, então isso mostra que nós temos ainda grandes oportunidades de negócios com este país”, ressaltou.
Já o deputado Rodrigo Minotto reconheceu a importância da troca de experiências e diálogo na missão. “Este movimento reforça o papel estratégico da diplomacia brasileira na promoção de parcerias sólidas com a China”.
Situação atual das negociações
Segundo João Batista Magalhães, a proposta já havia sido apresentada ao governo chinês em 2024, mas foi considerada desnecessária à época, já que não haviam problemas que justificassem a mudança.
No entanto, com a recente ocorrência no Rio Grande do Sul, o tema voltou a ser debatido e passou a ganhar mais atenção nas relações bilaterais entre Brasil e China.
China: parceira estratégica de SC nas exportações de carnes
Santa Catarina é referência nacional na produção e exportação de carnes de frango e suína. Em 2024, o estado exportou 1,17 milhão de toneladas de carne de frango, gerando uma receita de US$ 2,29 bilhões, e 719,4 mil toneladas de carne suína, com faturamento de US$ 1,70 bilhão — cifras recordes no setor.
A China segue como um dos principais destinos das exportações catarinenses.
No primeiro bimestre de 2025, o país respondeu por 21,4% da receita estadual com carne suína. Já as exportações de carne de frango para o mercado chinês registraram um crescimento de 35,3% em volume e 48,1% em receita, comparado ao mesmo período do ano anterior.
Os números reforçam a importância da proposta de regionalização sanitária, como forma de assegurar a competitividade e a continuidade das exportações mesmo diante de ocorrências sanitárias pontuais em outras regiões do país.
Com informações de Adriano Piekas