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Queda nas exportações em SC reforça importância da diversificação de parceiros comerciais

70% dos setores catarinenses registraram queda nas exportações para os EUA em agosto com o início do tarifaço, em relação ao mesmo período em 2023

 

 

Depois de registrar crescimento expressivo nas exportações para os EUA em julho, devido à antecipação de vendas antes que o tarifaço entrasse em vigor, vários setores catarinenses agora sentem de fato os efeitos negativos da política tanto nas vendas para os EUA, como também no seu saldo total exportado. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta quinta-feira (4/9) e analisados pela Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc).

 

Segundo o diretor de Relações Internacionais, Evaldo Niehues Junior, o impacto já era esperado, mas agora começa a aparecer de forma mais concreta nos números. Setores que aproveitaram a janela de antecipação de vendas para os Estados Unidos sentem a retração, e isso afeta diretamente o saldo das exportações catarinenses. “É importante diversificar os parceiros comerciais para reduzir a dependência de um único mercado. Santa Catarina tem a vantagem de contar com uma economia diversificada, em que todas as mesorregiões se destacam com diferentes produtos, mas é preciso pensar em políticas de longo prazo para aumentar os mercados internacionais desses produtos.”

 

É o caso do setor de iates, que mesmo com queda de 82% das vendas para os EUA no mês, em termos de exportações totais, o setor teve crescimento de 13% em agosto, devido ao crescimento das vendas para Portugal. “O setor catarinense, que nos últimos anos se tornou líder na produção nacional, vem ampliando  suas vendas também para a Europa, e com isso, vem sentindo menos esse impacto inicial do tarifaço”, detalha.

 

Setores mais afetados 

Entre os segmentos mais afetados, está o de madeira, que caiu pela metade suas vendas para o país. “A queda nas exportações totais do setor chega a 30%”, explica. O setor é um dos que está sob investigação dos EUA na Seção 232, onde a qualquer momento pode sair o veredito final e impor penalizações ainda maiores. Com isso, as exportações do setor para os EUA caíram de US$ 60 milhões para US$ 33 milhões entre agosto de 2024 e agosto de 2025.

 

A maioria das mesorregiões catarinenses sentiram o efeito negativo do tarifaço no setor e registram queda nas exportações ao país estadunidense. Nas exportações fiscais de madeira em forma, por exemplo, o Norte catarinense e a Serra registraram as maiores quedas do país, de mais de 95%. Já o Oeste catarinense registrou queda de 70%. Nas obras de carpintaria, as exportações fiscais do Vale do Itajaí caíram 43%

 

Evaldo explica que no caso da indústria de madeira quase todas as regiões do estado são importantes fornecedoras para os EUA e tem produtos que dependem mais de 90% do país nas exportações. “Como várias regiões catarinenses se adequaram nos últimos anos para o mercado estadunidense, o  tarifaço prejudica de forma mais rápida a geração de emprego e renda no estado como um todo”, alerta.

 

Outro exemplo são os peixes congelados, que caíram 40% suas exportações totais, devido à importância dos EUA como compradores de Santa Catarina, principalmente no Vale do Itajaí e no Sul catarinense 

 

Além dos setores que vendem grande parte de suas exportações para os EUA, o tarifaço também mostra efeitos negativos em setores que não possuem alta dependência com o país.  Este é o caso de produtos cerâmicos, que caiu 60% suas exportações para os EUA no mês, e passou de US$ 4,2 milhões em agosto de 2024 para US$ 1,8 milhão exportado para o país em agosto de 2025. Apesar das exportações do setor dependerem 30% dos EUA, os efeitos do tarifaço fizeram as exportações totais do setor caírem 20% no mês, com destaque para o Sul catarinense, líder nacional nas exportações fiscais de cerâmica não vitrificada aos EUA.

 

Imagem: Freepik

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