Blog do Prisco
Coluna do dia

Realidade política de SC transformada em três anos

Nas eleições de 2022, tivemos, em Santa Catarina, seis grandes candidaturas ao governo. Cinco delas no campo conservador e uma única no contexto de esquerda.

Décio Lima, do PT, conseguiu carimbar passaporte para o segundo turno justamente pela pulverização de votos da outra extremidade ideológica. Vamos relembrar: Jorginho Mello, do PL, de Jair Bolsonaro — então presidente que tentava a reeleição — também chegou à grande final. Mas outros quatro estavam na disputa: o senador Esperidião Amin; o ex-prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro; o então governador Carlos Moisés; e o promotor público Odair Tramontin.
Ainda com a candidatura de Lula à Presidência, a quem Décio é intimamente ligado, isso contribuiu para que ele suplantasse, por pequena margem, o governador à época, o próprio Moisés. Transcorridos três anos, existe uma realidade eleitoral completamente diferente no estado.

Balão de ensaio

Senão, vejamos. Quem, efetivamente, são os pré-candidatos ao governo? Evidentemente não valem essas pré-candidaturas lançadas ao vento para conseguir algum espaço na majoritária, como é o caso do vereador de Florianópolis, Afrânio Boppré, do PSOL; ou mesmo a do deputado estadual Marcos Vieira, do PSDB, que certamente lança mão desse expediente para obter alguma vantagem de ordem político-eleitoral.

Pra valer

Sob o aspecto partidário, o PSDB praticamente inexiste no Brasil e em Santa Catarina. Para valer mesmo, estão com o bloco na rua: Décio Lima ou, eventualmente, o atual presidente do PT catarinense, o deputado estadual Fabiano da Luz — ele ou Décio Lima pelos vermelhos; o governador Jorginho Mello, candidato natural à reeleição; e uma terceira candidatura que se apresenta há mais de um ano, mas que não consegue ficar de pé: a do prefeito de Chapecó, João Rodrigues.

João solo

Ele não conta sequer com um partido alinhado a seu projeto eleitoral. E, para piorar, nem desfruta de unidade partidária, porque o principal prefeito da sigla, Topázio Silveira Neto, de Florianópolis, defende a participação do PSD na coligação liderada por Jorginho Mello.

Dupla

Assim como o ex-deputado Paulinho Bornhausen. Quanto ao ex-governador de dois mandatos, Raimundo Colombo, tem se esquivado de participar dos movimentos de João Rodrigues. O lageano só participou de um evento na sua terra natal, quando lá esteve o prefeito de Chapecó. Fora isso, Colombo tem ficado apenas observando. Outros prefeitos pessedistas já começam a sinalizar, nos bastidores, alinhamento ao atual governador.

Escassez

Além de não contar com partidos para lhe respaldar e nem mesmo com a integridade de sua própria sigla, quais são as alternativas de João Rodrigues para compor a chapa majoritária? Clésio Salvaro, ex-prefeito de Criciúma, já se apresentou como alternativa para ser vice.

Sem votos

O nome de Eron Giordani, que preside o PSD no estado, é lembrado para o Senado. Mas são duas vagas, e esta ainda não tem sequer um nome especulado. A chapa, até aqui, fica incompleta e restrita ao PSD.

Pulando fora

Ocorre que, em março de 2026, abrir-se-á a famosa e aguardada janela para mudanças de endereço partidário. Muita gente do PSD pode bater em retirada e buscar filiação, seja no PL de Jorginho Mello, seja no Republicanos, que está no guarda-chuva das alianças do atual governador.

Boquirroto

A situação de João Rodrigues é de tal forma desesperadora que ele, mais uma vez, aciona a metralhadora giratória e vai para as redes sociais atacando jornalistas e adversários, na tentativa de justificar justamente a sua fragilidade nesse período pré-eleitoral.

Caindo pelas tabelas

João “Verdade” tem todo o direito de ser candidato, naturalmente. Mas, com uma candidatura “batendo pino” como ela se encontra, o PSD terá sérias dificuldades de compor as respectivas chapas proporcionais de candidatos à Câmara e à Assembleia.

Porto seguro

Explica-se: o cidadão que topa a empreitada de disputar a proporcional entra na corrida eleitoral na confiança de que, efetivamente, a chapa majoritária poderá carregar o partido a um porto seguro.

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