Destaques

São José pode ter irregularidade milionária na cobrança da Taxa de Fiscalização de Funcionamento

Especialistas recomendam auditoria, revisão legislativa e investigação do Tribunal de Contas sobre suposta distorção na TFI municipal

Após diversas denúncias apresentadas pelo Vereador de São José/SC, Cryslan de Moraes (foto), sobre supostas irregularidades na cobrança da Taxa de Fiscalização de Funcionamento e Localização (TFI) no município, um parecer técnico elaborado pelo advogado tributarista Vinícius Ross Adriano aponta sérias inconsistências e possíveis ilegalidades na sistemática atual do tributo, que já soma mais de R$ 12 milhões arrecadados em apenas um ano.

O documento, baseado em análise minuciosa da legislação municipal, dados oficiais e jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, destaca que a forma como a TFI vem sendo calculada e cobrada pode estar desrespeitando princípios constitucionais fundamentais, resultando em excessiva oneração dos contribuintes e expondo o município a riscos de passivos financeiros, ações judiciais e até responsabilização de gestores públicos.

O que está em debate?
A TFI é um tributo anual cobrado de empresas, autônomos, comércios, indústrias, ambulantes e demais atividades sujeitas à fiscalização do poder público municipal. Embora sua finalidade legal seja ressarcir os custos efetivos da atividade fiscalizatória — como vistorias, licenciamento, análise de publicidade e controle de funcionamento —, o parecer aponta que a metodologia adotada pelo Código Tributário do município (Lei Complementar nº 21/2005) utiliza critérios e tabelas que podem estar distantes da realidade dos custos efetivamente suportados pela administração.

“O sistema deveria garantir proporcionalidade, mas a ausência de transparência, de estudos técnicos atualizados e de planilhas que comprovem o custo real das fiscalizações levanta dúvidas sérias sobre o equilíbrio entre o valor cobrado e o serviço efetivamente prestado”, alerta Vinícius Ross Adriano. Ele ressalta que decisões recentes do STF têm invalidado taxas em situações semelhantes, por entender que valores desproporcionais acabam transformando a taxa em um imposto disfarçado, o que é vedado pela Constituição.

Recomendações e providências sugeridas
Em razão dos indícios levantados e diante das denúncias do Vereador Cryslan de Moraes, o advogado recomenda a adoção imediata das seguintes medidas:

Instauração de auditoria técnica independente para apurar os custos reais das atividades de fiscalização, com elaboração e divulgação pública de planilhas detalhadas;

Revisão legislativa urgente dos critérios de cálculo e cobrança da TFI, adequando os valores à realidade dos custos incorridos pelo município;

Protocolo de pedido de informações à Prefeitura de São José, exigindo transparência total sobre as planilhas de custos, tabelas e relatórios que fundamentam a cobrança da taxa;

Apresentação de denúncia formal ao Tribunal de Contas do Estado (TCE/SC) para que seja realizada fiscalização rigorosa sobre a arrecadação, a metodologia de cálculo e a destinação dos recursos da TFI, assegurando controle externo e eventual responsabilização em caso de irregularidades;

Promoção de audiências públicas e maior participação da sociedade civil nos debates sobre a política tributária municipal;

Suspensão de novos aumentos ou cobranças questionáveis da TFI até a conclusão das auditorias e revisões necessárias.

O que está em jogo para São José/SC
Caso as suspeitas se confirmem, o município pode ser obrigado a revisar todo o modelo de cobrança da TFI, a restituir valores aos contribuintes e a adotar novos mecanismos de transparência e controle social. Para empresários, comerciantes, profissionais autônomos e cidadãos, está em debate o direito a uma tributação justa, transparente e vinculada ao efetivo custo do serviço público.

O caso, que agora ganha destaque na pauta legislativa e do controle externo, reforça a importância da fiscalização parlamentar e do controle social na defesa dos princípios constitucionais e do interesse público.

foto>arquivo, divulgação

Posts relacionados

Câmara Municipal de São José solicita compensação socioambiental por impactos da ETE Potecas

Redação

Vereador Brandel Junior propõe uso da Bíblia como recurso paradidático nas escolas de Joinville

Redação

Vereador Kaká aprova lei que proíbe publicidade pornográfica em outdoors de Balneário Camboriú

Redação
Sair da versão mobile