Qual é a estratégia da esquerda em Santa Catarina? Mais precisamente do PT? Qual a estratégia de uma eventual candidatura alternativa no campo conservador que não seja a de reeleição pelo PL do governador Jorginho Mello? Inexistem estratégias, tanto de um lado quanto de outro. Eles apenas estão aguardando o desastre na condução da composição liderada pelo atual governador. Aliás, tudo levava a crer que teríamos uma eleição de turno único, com a reeleição tranquila de Jorginho Mello, com o vice do MDB e as candidaturas ao Senado de Esperidião Amin pela União Progressista e Carol De Toni pelo Partido Liberal. Estava tudo mais ou menos bem encaminhado, até que ele — sempre ele — Jair Bolsonaro resolveu desarrumar a composição em Santa Catarina, indicando o filho, o 02, vereador há 25 anos no Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, como candidato ao Senado.
Matemática
Ao fazê-lo, evidentemente, o ex-presidente avançou sobre o espaço da deputada federal Carol De Toni. Ocorre, no entanto, que Carluxo veio para cá pelas mãos de Carol e começou a correr o estado junto com ela, dizendo que os dois eram os candidatos ao Senado. Mas, alto lá. O cidadão é um estranho, literalmente um penetra.
Falando grosso
E chega na província dizendo que é candidato — mas não só isso — já tentando definir quem disputará com ele ou quem levará os votos junto com ele, ignorando olimpicamente o governador Jorginho Mello.
Proa
Todo governador, em qualquer estado, é o principal líder político. Em Santa Catarina, além de governador, ele é o presidente estadual do PL.
Campinho
Mas, como Jorginho se curvou aos ditames do ex-presidente da República, impondo um candidato ao Senado que é seu filho — assim como já o fez em 2022, quando enfiou, goela abaixo, o 06, que não era filho de sangue, mas meio que adotivo — Bolsonaro se achou o dono da situação.
Timão
Como Jorginho Mello consentiu, acabou perdendo o controle do processo. Só que vieram as reações, certamente estimuladas pelo próprio governador, que não quis criar uma situação de atrito direto com Jair e Carlos Bolsonaro e acionou aquela que, depois de Carol De Toni, foi a segunda maior recordista de votos na eleição proporcional de 2022.
Força
Aliás, Ana Campagnolo fez quase 200 mil votos — mais do que 15 dos 16 deputados federais eleitos, com exceção de Carol. Registre-se que a votação de Campagnolo, proporcionalmente falando, foi muito mais significativa à Assembleia do que a de Carol à Câmara Federal.
Proporções
Ana conquistou quase 200 mil sufrágios à Assembleia. Carol fez quase 250 mil à Câmara Federal, onde há 16 vagas — número inferior de candidatos. A Alesc dispõe de 40 cadeiras e o número de candidatos é sempre muito superior.
Roupa suja
A partir da reação da deputada estadual do PL, foi um bate-boca geral pelas redes sociais, com a reação do próprio Carlos, do irmão Eduardo e a voz de ponderação do primogênito, Flávio — e por aí vai.
Sem condições
Mas, para resumir a história, o cenário segue patinando na tecla da candidatura ao Senado na chapa do governador. O PL conflagrado. Olhando para o futuro breve, está cristalino que Carluxo não tem condições de concorrer em Santa Catarina. Essa ficha terá que cair para ele, para os seus irmãos, para o seu pai — porque, se concorrer, corre o sério risco de ser derrotado.
Alerta
Este seria um péssimo cenário para o governador, pois há a possibilidade de esse “projeto” esfarelar o potencial eleitoral do bolsonarismo em Santa Catarina. Porque a origem do perfil eleitoral de Santa Catarina não está no bolsonarismo — está no conservadorismo.
Guinada
A partir de 2018, esse conservadorismo ganhou tonalidades de bolsonarismo. Portanto, se Bolsonaro não deseja perder a condição de estrela política em Santa Catarina, que se livre o quanto antes de Carluxo como candidato por aqui e o lance em outro estado. Sem o que, ele pode ser derrotado — e o bolsonarismo pode deixar de existir em Santa Catarina, estado que parece rumar para a retomada apenas das características do conservadorismo.

