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 Senado inicia missão oficial aos EUA para reabrir diálogo político em meio à tensão comercial

Uma comitiva de senadores brasileiros parte, neste fim de semana, para os Estados Unidos, com o objetivo de fortalecer o diálogo político entre os dois países, em meio ao agravamento das tensões comerciais após o anúncio de novas tarifas contra produtos brasileiros. A missão oficial, organizada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e aprovada por unanimidade pelo Plenário da Casa, terá compromissos em Washington de segunda (28) a quarta-feira (30).
A agenda inclui reuniões com parlamentares norte-americanos, empresários, especialistas em comércio internacional e representantes de organismos multilaterais. O foco é demonstrar a disposição do Legislativo brasileiro em fortalecer a interlocução bilateral e construir pontes institucionais em resposta ao cenário de incertezas.
A delegação é composta por oito senadores: Nelsinho Trad (PSD-MS) – presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) e líder da missão; Tereza Cristina (PP-MS) – ex-ministra da Agricultura e vice-presidente da CRE; Jaques Wagner (PT-BA) – líder do governo no Senado; Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) – vice-presidente do Grupo Parlamentar Brasil–Estados Unidos e ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações; Esperidião Amin (PP-SC) – 1º Secretário do Grupo Parlamentar Brasil-Estados Unidos; Rogério Carvalho (PT-SE) – líder do PT no Senado; Carlos Viana (Podemos-MG); Fernando Farias (MDB-AL).
Na segunda-feira (28), os senadores começam a programação na Embaixada do Brasil em Washington,  com diversas reuniões, e, a partir das 13h, participam de encontros na sede da U.S. Chamber of Commerce com lideranças empresariais e representantes do Brazil-U.S. Business Council.
Expectativa e avaliação do senador Esperidião Amin:
“Um exemplo que podemos dar de Santa Catarina é que nosso estado representa mais ou menos 1/3 do que se vende de produto derivado da madeira para os Estados Unidos, ou seja, daquilo que os Estados Unidos importam, 1/3 vem de Santa Catarina. Então, essas indústrias tem clientes lá que apreciam o nosso produto e a nossa responsabilidade no pós-venda, então, essas pessoas tem que ser mobilizadas pela frente parlamentar brasileira e pela sua contraparte americana, com detalhe, lá a eleição é de voto distrital, e a cada dois anos o deputado passa pelo vestibular da eleição e quando se afeta aquele distrito eleitoral, isso tem repercussão tanto no senador, quanto no deputado federal de lá, sorte que não se trata de confrontar com o governo americano trata-se de dialogar com os empresários e com os parlamentares e, de certa forma, contribuir para que o Brasil tenha azeitada esta relação institucional e política. Quanto a atuação do governo, eu me abstenho de fazer comentários, e outras formas de interferir fazem parte da democracia do pluralismo. Agora, nós senadores que vamos participar dessa missão dificílima – que uns já consideram perdida – temos que fazer o seguinte: você prefere se omitir ou tentar? Eu sei que a parada é “embuchada” e difícil, mas eu acho que eu não me perdoaria e creio que boa parte dos empresários afetados, dos empregos que serão alvejados por esse “tarifaço” não se conformariam com a omissão de um representante de Santa Catarina.  Por isso, vamos enfrentar essa dificuldade e alguma coisa nós vamos plantar de bom certamente”, avaliou Esperidião Amin.
O grupo defende que os canais técnicos e diplomáticos com os EUA permaneçam ativos, mas que sejam acompanhados de uma articulação política em alto nível, como forma de demonstrar disposição ao diálogo e à construção de soluções de longo prazo.
Setores em alerta
As novas tarifas norte-americanas preocupam produtores e exportadores brasileiros. Segundo a Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial do Brasil e o principal destino das exportações catarinenses. Em 2024, o estado arrecadou US$ 1,74 bilhão no comércio com o país, na sua maioria com itens manufaturados, como produtos de madeira, motores elétricos, partes de motor e cerâmica.
Ao todo, 30 segmentos da economia brasileira direcionam pelo menos 25% de suas exportações aos Estados Unidos, com destaque para setores industriais de alto valor agregado.
Entre os produtos mais atingidos estariam:
•Tratores e máquinas agrícolas, com queda estimada de 23,6% nas exportações e retração de 1,86% na produção;
•Aeronaves, com recuo de 22,3% nas exportações e redução de 9,2% na produção;
•Carnes e aves, com 11,3% de queda nas exportações e impacto de 4,2% na produção nacional.
Nos Estados Unidos, os impactos também são negativos. A média tarifária paga pelos consumidores quintuplicou, e o PIB pode cair 1,6% em três anos. Estados como Califórnia, Flórida e Texas, grandes importadores de bens brasileiros, devem ser diretamente afetados. Haveria aumento no custo de vida, escassez de insumos e perda de competitividade industrial.
Coletiva de imprensa – Quarta-feira, 30 de julho
A missão será encerrada com uma coletiva de imprensa na Embaixada do Brasil em Washington, na quarta-feira (30/7), às 10h15, com a participação dos oito senadores da delegação.
Local: Embaixada do Brasil em Washington – 3006 Massachusetts Ave NW
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