Blog do Prisco
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O Papel das Hidrelétricas

O mês de agosto iniciou com mais um gasto para nós, brasileiros. Com o aumento do custo para geração de energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mudou a bandeira tarifária para vermelha 1 e, com isso, a conta de luz custará R$ 3,00 a mais para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Mensalmente, a Aneel divulga ao mercado a bandeira em vigor para cada região do país, com base em informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). As distribuidoras, por sua vez, informam aos consumidores na conta de energia. No ano passado, o Sistema de Bandeiras Tarifárias passou a ser composto por quatro categorias: verde, amarela e dois níveis de bandeira vermelha. Com a escassez das chuvas, os reservatórios das hidrelétricas ficam mais vazios e é preciso acionar mais termelétricas para garantir o suprimento.

Como a energia das termelétricas custa mais, a Aneel autoriza o aumento na conta de luz. Além de serem mais caras, as térmicas são responsáveis por emissões de gás carbônico em maior quantidade, portanto, são de maior potencial de poluição ambiental. Não há outra geração renovável que possa substituir a geração térmica, apenas a hídrica pode fazer este papel, em parte. Além disso, as amplas campanhas difamatórias midiáticas e a adoção de políticas de incentivos apenas às energias solar e eólica determinaram essa queda significativa da representatividade da geração hídrica na matriz elétrica brasileira, sendo cada vez mais comum a necessidade de acionamento das bandeiras amarela e vermelha.

Enquanto nossa política energética não estimular a geração hídrica, as águas dos rios vão correr mansas e calmas, diuturnamente, em direção ao mar. É o mesmo que deixar uma torneira aberta dia e noite em nossa casa, em período de estiagem. Ao mesmo tempo, o óleo diesel, o gás, o carvão e a lenha queimam, para garantir a iluminação das nossas casas. Essas chaminés térmicas estão longe de nossos olhos: não vemos, não sentimos o cheiro, então pensamos que está tudo bem. Até o dia que chega a conta, aí reclamamos da distribuidora: a vilã que enxergamos.

 

Gerson Berti, Presidente da Associação dos Produtores de Energia de SC (APESC) e coordenador do SC+Energia

 

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