Voluntários deixam Amazonas no domingo, 27
Acadêmicos e professores, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), estão na reta final de mais uma edição do Projeto Rondon. As duas equipes de voluntários da Universidade estão em Manaus (AM) e participam das atividades finais da Operação Amazonas. O retorno à Santa Catarina está agendado para este domingo, 27. Após concluírem as ações em campo, na região da Calha do Rio Negro e Solimões, os rondonistas já reconhecem a experiência como um marco em suas trajetórias de vida.
O Projeto Rondon é coordenado pelo Ministério da Defesa e visa contribuir com o desenvolvimento das comunidades e ampliação da qualidade de vida em regiões de baixo desenvolvimento socioeconômico do país. As atividades envolvem a participação de diversos ministérios, Forças Armadas, governos estaduais e municipais e instituições de ensino superior, a exemplo da Univali.
Univali enviou duas equipes à Operação Amazonas
Vinte e dois alunos, acompanhados de professores da Universidade, atuaram como voluntários na Operação Amazonas, parte deles no Conjunto A e outra no Conjunto C. O primeiro grupo ficou estabelecido no município de Alvarães, onde contribuiu em atividades relacionadas à cultura, direitos humanos, justiça, educação e saúde. Já a segunda equipe ficou instalada em Manaus, indo até os demais municípios, diariamente, para a cobertura jornalística e a produção de conteúdo das atividades desempenhadas.
A troca de conhecimento e cultura entre acadêmicos, professores e a comunidade local, incluindo aldeias indígenas, foi o que mais marcou a professora da Univali, Eduarda Fratoni. O engajamento dos acadêmicos, capacidade de aplicação dos conhecimentos – adquiridos em sala de aula – nas atividades práticas do Projeto, senso de colaboração e fácil adaptação às situações adversas, foram mais pontos reconhecidos pela docente. Além disso, Fratoni também enfatizou o orgulho pela riqueza cultural do país e o impacto positivo dessas experiências na formação dos acadêmicos, tornando-os profissionais melhores.
“Eles vivenciaram uma realidade na qual precisaram trabalhar com o mínimo e, mesmo assim, tinham o desafio de passar o conhecimento. Em alguns lugares não havia quadro para projetar as informações ou ambiente adequado para as atividades. Então, as alunas improvisavam com o que estava disponível, usando cadeiras como suporte e realizando atividades embaixo das árvores. Essa é uma experiência que elas também levarão para a vida, de conseguir trabalhar na adversidade.”, apontou a professora.
A acadêmica de Fonoaudiologia, Vitória Caroline Germano, conta que a curiosidade e vontade de ajudar o próximo a motivaram a participar da iniciativa. “Eu queria conhecer novas realidades e culturas, ter esse contato próximo com as pessoas e conseguir ajudá-las, de alguma forma, com os conhecimentos e aprendizados que eu já tive e estou adquirindo durante a minha graduação na Univali. Posso dizer que essa experiência superou as expectativas que eu tinha e que, inclusive, já eram altas. Nós viemos até aqui para ajudar e passar conhecimento, só que voltaremos com uma bagagem muito maior.”
Para a estudante de Direito da Univali, Ana Beatriz Frue, todas as pessoas deveriam viver experiência semelhante para se tornar um ser humano melhor. “O Rondon nos permite conhecer dores que achamos que são particulares, mas que, na verdade, elas percorrem o Brasil inteiro. Encontramos aqui muito carinho, respeito e amor. As pessoas queriam ser ouvidas e também queriam nos ouvir. A bagagem que levaremos vai repercutir na vida de todos os rondonistas. Eu jamais, jamais, jamais vou me esquecer do que vivi aqui e serei eternamente grata por ter conhecido e participado do Projeto Rondon.”
Já a doutoranda de Administração na Univali, Angelica Patel da Rosa, conta que a motivação para participar da Operação Amazonas nasceu do desejo de aplicar nas comunidades os conhecimentos adquiridos ao longo da vida e ampliar a sua consciência social.
“Vivemos experiências intensas e desafiadoras em comunidades que possuem hábitos bem diferentes e posso dizer que todas nos acolheram muito bem. As pessoas eram muito receptivas e nos proporcionaram momentos de muito amor e carinho. Ao chegarmos aos locais, éramos recebidos com cartazes, faixas, danças. As pessoas compartilhavam a sua comida. Interpretamos esses gestos como sinal de afeto e sentimos que estávamos fazendo a diferença naquelas comunidades. Foi incrível!”, relatou.
Ao concluir a sua sexta participação no Projeto Rondon, a professora Edneia Casagrande Bueno, destacou a singularidade de cada edição e ressaltou o impacto transformador nos alunos, professores e comunidade assistida pela iniciativa. A docente afirma que não existe uma operação igual à outra e que a cada nova participação, os rondonistas identificam particularidades capazes de transformar a todos os envolvidos deixando marcas profundas e muito individuais, seja no campo pessoal quanto profissional.
“Transformadora, toda operação é. Particularidade, toda operação tem. Não é possível descrever em palavras o que é essa transformação, o que é essa nova visão de mundo e de cidadania. Vivemos e sentimos essa experiência na pele, no alimento que comemos, no abraço que damos, no abraço que recebemos, no olhar das pessoas. É um momento único e de muita emoção. Desenvolvemos um sentimento de pertencimento a uma comunidade que, 13 dias antes, nem conhecíamos. Tudo isso traz um impacto à nossa vida e à relação conosco mesmos e com os outros, algo impossível de ser descrito. Somente vivendo essa experiência mesmo, para compreender o que é o Projeto Rondon”, concluiu Bueno.