Evento reúne sociedade civil, academia e lideranças para discutir propostas sobre mudanças climáticas em Santa Catarina
O município de Lages recebeu, na noite desta segunda-feira (11), a primeira etapa da série de debates promovidos pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa nas regiões catarinenses, como preparação para a COP30 — Conferência das Partes da ONU sobre Mudança do Clima, que acontece no mês de novembro, em Belém, no Pará. O evento foi realizado no Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV-Udesc) e teve como objetivo ampliar a participação da sociedade sobre o tema e levantar propostas e sugestões dos diversos segmentos da população catarinense.
Participação ampla e diversidade de temas
O deputado Marquito (Psol), que preside a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e conduziu os debates, apontou como um dos pontos altos da conferência regional a diversidade de setores representados.
“Nós ouvimos muitos segmentos da sociedade: a universidade, ONGs, movimentos sociais, movimento sindical, entidade que congrega todas as câmaras de vereadores aqui da região… Enfim, foi um debate muito rico, muito diverso, trazendo informações necessárias.”
Propostas levantadas em Lages
Conforme o parlamentar, entre as principais questões levantadas em Lages estiveram:
* A necessidade de criação de formas de financiamento para iniciativas ambientais;
* A preservação do modo de vida tradicional na Serra;
* A importância do uso de novos modelos de agricultura que levem em conta a preservação do meio ambiente;
* A proteção dos campos de altitude e da biodiversidade característicos da região;
* A atenção às comunidades carentes atingidas por eventos climáticos.
* Ele disse ainda que as informações levantadas durante os cinco encontros regionais programados pela comissão serão levadas a um simpósio estadual, no qual será elaborado um relatório para a presidência da COP30. As próximas etapas regionais acontecem em Joinville (20/08), Criciúma (03/09), Florianópolis (25/09) e Chapecó (03/10).
Tema estratégico para o Brasil
Um dos destaques da conferência regional de Lages foi a participação, por meio de videoconferência, de Beto Veríssimo, enviado da COP30 encarregado de receber as demandas regionais. Ele destacou que o Brasil tem uma longa história de liderança na agenda do clima e que a realização da COP30 é o coroamento desse esforço. Também afirmou que, entre o grupo das 20 maiores economias do mundo, o Brasil é o país mais promissor quando se fala em aliar crescimento econômico à preservação ambiental.
“Existe uma corrida no mundo para gerar riqueza emitindo pouco carbono, e o Brasil é o país que tem as melhores condições para descarbonizar a sua economia. Isso significa que, se continuar na trajetória presente, o Brasil vai chegar em 2040 como país líder no G20 em relação à pegada de carbono, podendo se beneficiar muito economicamente por meio da atração de investimentos e da exportação de produtos.”
Neste sentido, ele apontou que o país deve reforçar iniciativas ligadas à geração de energia e à agricultura com baixo impacto ambiental, além de investir na conservação das florestas nativas.
A participação da sociedade é essencial
Também por videoconferência, o deputado federal Pedro Uczai (PT-SC) afirmou que o Brasil se prepara para acolher os representantes das demais nações em torno de um tema estratégico para todos. Segundo ele, as decisões sobre o clima não devem ficar restritas à classe política, devendo contar com a participação dos mais diferentes setores da sociedade.
“A COP30 nos provoca a reafirmar o que a ciência e as pesquisas no mundo inteiro estão dizendo: tomar consciência e agir para enfrentar as mudanças climáticas são decisões políticas e também da sociedade como um todo. Por isso, a sociedade tem que participar para além dos agentes públicos e políticos.”
Outras manifestações locais
Durante a reunião, representantes de diversos segmentos tomaram a palavra para apresentar suas considerações e sugestões para a COP30.
Este foi o caso do diretor-geral da CAV-Udesc, André Thaler Neto, que falou da necessidade de difundir modelos que possibilitem a manutenção da produção econômica com a preservação ambiental.
“Um processo muito importante é o de sensibilização da sociedade para que se entenda que nós não estamos mais falando daquele discurso sobre o futuro dos nossos filhos, mas sim sobre o nosso presente. Neste sentido, precisamos discutir questões relacionadas à descarbonização, novas energias alternativas para a diminuição de gases de efeito estufa, que deem viabilidade a sistemas de produção que, ao mesmo tempo, respeitem os princípios do meio ambiente e integrem e deem boas condições de vida à população.”
Na condição de diretor executivo do Consórcio Intermunicipal Serra Catarinense (Cisama), Selênio Sartori defendeu a criação de políticas públicas que possibilitem remunerar os proprietários rurais pela preservação das florestas nativas.
“Principalmente a nossa Mata Atlântica, que carece de um fundo específico ou de recursos para implementar essas práticas sociais e tecnológicas de mitigação dos impactos ambientais.”
Por sua vez, o vereador de Otacílio Costa e presidente da União das Câmaras de Vereadores da Região Serrana (Uveres), Luis Fernando Oliveira de Souza, ressaltou a importância da inclusão do saneamento básico como questão ambiental.
“Hoje, aplicar recursos em saneamento não é um gasto, e sim um investimento para o futuro, para a preservação da nossa espécie e de todas as outras do planeta Terra. Cabe a nós fazer a nossa parte, como município, como região, como estado e como país, para que possamos diminuir o impacto ambiental negativo que vem sendo causado ao planeta.”