Preocupados com os impactos decorrentes da aplicação das tarifas de 50% pelos Estados Unidos, a Federação das Indústrias (FIESC) e as federações de trabalhadores nas indústrias de Santa Catarina firmaram o compromisso de unir esforços de cooperação em torno de iniciativas que contribuam para a preservação do mercado externo, a continuidade das operações industriais e a manutenção dos empregos nas empresas impactadas. O documento foi assinado nesta terça-feira, dia 12, em Florianópolis.
“O encontro foi muito importante porque reforça a importância das federações, tanto de trabalhadores, quanto das indústrias, sobre o papel essencial que devem exercer neste momento de crise, negociando para mitigar os efeitos. Isso é especialmente relevante se medidas extremas, como demissões em volume expressivo ou de redução de jornada, se fizerem necessárias, caso as tarifas elevadas se mantenham por bastante tempo”, resumiu o presidente da FIESC, Gilberto Seleme. “Queremos preservar os empregos, mas estamos sentindo muito os impactos”, afirmou ele, que é industrial do ramo madeireiro, um dos mais afetados pelo tarifaço.
Seleme destacou, ainda, que a indústria catarinense tem crescido muito e se internacionalizado. “Não podemos perder essa competitividade que construímos ao longo de muitos anos”, alertou.
Os representantes dos trabalhadores também demonstraram preocupação com o cenário. Osvaldo Mafra, da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados disse que a entidade quer colaborar. “Estamos preocupados com os empregos. Nossa luta é buscar soluções conjuntas, onde todos tenham seus direitos e valores preservados.”
Idemar Antônio Martini, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado de SC, salientou a importância de entender o momento. “É a primeira federação de indústria que chama os trabalhadores para discutir um tema que é recente. Me sinto lisonjeado em participar desta pauta”, declarou. Já Ewaldo Gramkow, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de SC, apoiou a iniciativa e disse que quer encontrar soluções para que o impacto seja o menor possível. Também apoiam a iniciativa a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de SC e a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas.
Peso das exportações aos EUA
No encontro, o economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt, disse que os EUA são o principal parceiro comercial de SC e que a economia catarinense é uma das mais impactadas, com perda estimada de cerca de 1,5 bilhão no PIB. Atualmente, 826 companhias do estado exportam para os Estados Unidos.
No ano passado, SC exportou US$ 1,7 bilhão. Apesar de algumas empresas de Santa Catarina terem operações em solo norte-americano e poderem fornecer a partir de lá, elas deixam de gerar empregos em Santa Catarina e de investir no estado.