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Dragagem ganha destaque no Congresso Portos & Costas Brasil 2025

Especialistas da APS, Mauricio Gaspar e Matheus Novaes reforçam a importância da infraestrutura aquaviária para a competitividade portuária

A dragagem será um dos principais temas em debate no congresso técnico Portos & Costas Brasil 2025, que acontece nos dias 22 e 23 de setembro no Riviera Convention Center, na Praia Brava, em Itajaí (SC). Reunindo gestores públicos, especialistas e representantes da iniciativa privada, o evento é considerado um dos mais relevantes fóruns técnicos voltados à infraestrutura portuária e costeira do país.

O oceanólogo Maurício Torronteguy, idealizador do evento e diretor da consultoria MTCN, destaca que além dos painéis e debates de alto nível técnico, essa terceira edição também proporcionará aos participantes, em dois dias de imersão, uma oportunidade única de troca de conhecimentos, networking e geração de negócios

Um dos destaques da programação é a participação de representantes do setor de dragagem da Autoridade Portuária de Santos (APS). O oceanógrafo Mauricio Bernardo Gaspar Filho, mestre em Oceanografia Geológica e Assessor da Presidência da APS, enfatiza que a dragagem é um eixo estratégico para garantir a competitividade dos portos brasileiros. “O crescimento dos navios em porte e calado impõe a necessidade de investimentos voltados para a ampliação da infraestrutura aquaviária, com o objetivo de elevar a capacidade operacional dos complexos portuários e assegurar sua competitividade no cenário do comércio marítimo internacional”, afirma.

Segundo o especialista, além das obras de ampliação, é fundamental assegurar a conservação efetiva das profundidades nos canais de acesso. “A dragagem de manutenção é uma atividade imprescindível para a preservação dos calados operacionais e para garantir a segurança da navegação”, ressalta.

Gaspar destaca que os empreendimentos voltados à expansão e manutenção da infraestrutura aquaviária têm sido tratados como prioridade na atual gestão da APS, liderada pelo Presidente Anderson Pomini.

No Porto de Santos, a APS concluiu em 2024 a dragagem de aprofundamento entre os Armazéns 12A e 20/21, permitindo a operação de navios maiores em uma das áreas com maior movimentação de granéis sólidos do país. Agora, a autoridade portuária atua para viabilizar a dragagem do canal de navegação de 15 para 16 metros, além da derrocagem de formações rochosas em pontos críticos. A licitação da dragagem já foi publicada, com previsão de abertura das propostas em setembro.

Além de permitir a entrada de navios de maior porte, a nova profundidade possibilitará que embarcações que demandam o calado máximo do canal naveguem também em maré baixa, reduzindo a dependência das janelas de preamar. “Com isso, ganhamos flexibilidade operacional e otimizamos a ocupação das janelas de maré, beneficiando a logística como um todo”, explica.

Gaspar também chama atenção para os entraves que envolvem a dragagem no Brasil, como a alta complexidade técnica, os elevados custos e as restrições ambientais. “A realidade é que tanto portos públicos quanto privados enfrentam desafios semelhantes. A escassez de equipamentos no mercado internacional e as exigências dos órgãos licenciadores impõem condições operacionais que demandam capacidade técnica de gestão e planejamento estratégico”, observa.

Nesse contexto, ele ressalta o papel do conhecimento técnico-científico. “Muitos gargalos que ainda enfrentamos aqui já foram superados na Europa por meio de pesquisa aplicada. É esse caminho que estamos buscando”, destaca.

Um exemplo desse compromisso com o desenvolvimento técnico é o Programa de Pesquisa e Inovação em Engenharia de Dragagem (PRIDE), lançado pela APS em abril deste ano durante evento que contou com a participação de especialistas da Delft University of Technology (Holanda) e da Autoridade Portuária de Hamburgo (Alemanha). O programa busca entender com mais precisão a dinâmica sedimentar no Porto de Santos e desenvolver soluções para tornar as operações de dragagem mais eficientes e sustentáveis. Uma parte dos resultados gerados até o momento já foi apresentada em fóruns internacionais, incluindo análises sobre os efeitos erosivos causados pelas hélices dos navios — os chamados scouring effects — nas profundidades do canal.

“O programa PRIDE busca contribuir para a superação da lacuna existente, em âmbito nacional, no desenvolvimento de pesquisas aplicadas à engenharia de dragagem”, explica Gaspar.

Além do Porto de Santos, a APS também assumiu em 2025 a gestão do Porto de Itajaí. Desde então, regularizou o contrato de dragagem de manutenção e mantém monitoramento constante por meio de levantamentos batimétricos. “A atuação combinada de dragas Hopper e de injeção de água tem sido fundamental para manter os calados operacionais”, informa Matheus Trocoli Novaes, Gerente de Dragagem da APS.

A curto prazo, a expectativa é viabilizar parcerias com centros de pesquisa nacionais e internacionais, especialmente para efetuar estudos dedicados à investigação das características e padrões de ocorrência de lama fluida, bem como para a análise de metodologias alternativas de dragagem, como as técnicas classificadas como Non-Sediment Collecting Dredging (NSCD), que promovem o retrabalhamento dos sedimentos no próprio local de intervenção, sem envolver sua efetiva remoção e descarte oceânico. Segundo Novaes, portos como Hamburgo e Roterdã já desenvolvem estudos avançados sobre esses temas.

“Obras de dragagem demandam um planejamento de longo prazo que integre inovação, sustentabilidade e segurança jurídica”, afirma. Para ele, a dragagem deve ser encarada como um pilar fundamental para assegurar a continuidade operacional e a competitividade no ambiente portuário.

Para saber mais acesse: https://portosecostas.com.br/

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