Blog do Prisco
Coluna do dia

O Brasil é uma festa

O Brasil conta hoje com 35 partidos políticos. Isso que tem outros 30 que estão na fila à espera de registro.

Hoje, transformou-se num grande negócio ter um partido, especialmente aqueles que atendem às exigências das cláusulas de barreira, como o número mínimo de deputados na Câmara e estrutura mínima em pelo menos nove estados. Assim sendo, dessas três dezenas e meia, são quase 20 que têm acesso ao fundo partidário eleitoral e espaço na propaganda de rádio e televisão. Na campanha e fora dela.
Fundos partidário e eleitoral que são provenientes de recursos públicos orçamentários, resultado dos impostos recolhidos pela população brasileira. Pra se ter uma ideia, os dois fundos totalizam R$ 10 bilhões. Ter um partido político nessas condições é ter uma empresa, é ter um grande negócio. Sem produzir nada, sem ter metas, um número reduzidíssimo de servidores e dinheiro a rodo garantido.

Farra

Os dirigentes partidários têm helicóptero, avião, mansão no Lago Sul de Brasília, viajam para o exterior, percebem altos salários, distribuem recursos na campanha para os candidatos da legenda e daí por diante. Uma festa interminável.

Tem pra todos

Alguns pequenos partidos se restringem a atuar como apêndice para coligações e, mesmo não oferecendo tempo de televisão e de rádio, sua presença na aliança reforça as pretensões de siglas e candidatos.

Vergonha

Essa farra precisa acabar. Qualquer democracia minimamente aceitável funcionaria com uma meia dúzia de quatro ou cinco partidos, com princípios e programas programáticos bem estabelecidos, inclusive sob o aspecto ideológico.

Ideologia?

Em Santa Catarina, por exemplo, o Partido Socialista Brasileiro, que foi estruturado há dez, quinze anos, já foi comandado por Paulinho Bornahusen, que é neto e filho de ex-governadores que fizeram parte de uma oligarquia que teve origem na UDN, União Democrática Nacional.

Interrupção

São políticos de família com tendência conservadora. Também por isso ele assumiu a presidência do PSB quando Eduardo Campos, governador de Pernambuco em segundo mandato, projetava, em 2013, uma candidatura à Presidência da República.
A intenção do pernambucano foi formalizada, mas, a candidatura foi ceifada por um acidente aéreo.

Derrota

Naquela mesma eleição, Paulinho Bornahusen, como presidente da sigla, concorreu ao Senado, perdendo para Dário Berger por uma pequena margem.

Irmãos

Por falar em Berger, os irmãos Berger, antes de Paulinho Bornahusen, controlaram o partido em Santa Catarina. Especialmente Djalma, que foi deputado estadual, federal e prefeito de São José, assim como seu irmão Dário, que além de São José, comandou a capital, Florianópolis, por duas oportunidades. Dário também foi senador da República, disputando a reeleição em 2022, abrigado no PSB.

Onda

Acabou derrotado por Jorge Seif, indicado por Jair Bolsonaro e alistado no PL. Dário Berger, vale lembrar, já foi do PFL e já esteve em vários outros partidos como MDB e PSDB.

Crioulo doido

Foi pro PSB e agora voltou para o ninho dos tucanos. O PSB, depois de Paulinho Bornahusen, teve Cláudio Vignatti como presidente. Foi um período curto, no qual a legenda voltou a frequentar uma seara de esquerda, com dirigentes e lideranças dessa vertente.

Curto período

Essa condução, no entanto, caiu em desgraça e resolveram entregar o comando do partido a um ex-tucano, que agora tenta trazer para a sigla o ex-deputado estadual, federal, ex-senador e ex-vice-governador Paulo Bauer.

Business

Ele foi do PDS, esteve no PFL e, mais recentemente, no PSDB. Se for mesmo parar no PSB, dará um belíssimo cavalo de pau sob o aspecto ideológico, saindo da extrema direita para a extrema esquerda.

Objetivo do PT

Nesse contexto, Bauer pode acabar sendo o candidato das esquerdas ao governo do estado, possibilitando que Décio Lima, do PT, dispute o Senado.
Ao fim e ao cabo, Santa Catarina, um estado essencial e potencialmente conservador, poderá ter, em 2026, mais um candidato conservador, mas, abrigado numa sigla de esquerda. Durma-se com um barulho desses.