Relação de produtos que deixaram de ser tarifados está focada em itens primários, enquanto Santa Catarina exporta aos EUA produtos industrializados

A decisão norte-americana de retirar a tarifa de 40% para 238 produtos brasileiros, anunciada na noite de quinta-feira (20) é um avanço, mas não traz alívio aos exportadores catarinenses, avalia a Federação das Indústrias (FIESC). “Vemos a medida com otimismo, pois sinaliza que os canais de negociação estão sendo efetivos, mas a lista é composta basicamente por itens primários, enquanto Santa Catarina exporta aos Estados Unidos predominantemente produtos industrializados”, diz o presidente da entidade, Gilberto Seleme.

“Não foram contemplados itens que fazem parte da chamada investigação 232, por meio da qual produtos brasileiros como madeira e móveis são sobretaxados. Por isso, seguimos atentos aos resultados deste processo e na expectativa de que as negociações entre os dois países possam avançar também nestas áreas”, afirma Seleme. Os produtos de madeira e móveis representam 37,3% das exportações catarinenses para os Estados Unidos.

Seleme observa que a relação de produtos que tiveram as sobretaxas de importação retiradas tem forte predominância de itens que afetam o custo de vida dos norte-americanos, como o café e a carne bovina. “É provável que novas reduções devam exigir concessões pelo lado brasileiro”, acredita.

As vendas aos Estados Unidos, principal destino das exportações do estado, recuaram 9,3% neste ano. Estudo da FIESC estima a perda de 19 mil empregos em um ano e de 45 mil vagas em até três anos no estado, caso as tarifas sejam mantidas. Os setores mais afetados são madeira, peças automotivas, equipamentos elétricos e móveis. Nos meses de agosto e setembro foi registrado pela indústria catarinense o fechamento de 1,7 mil postos de trabalho no setor de madeira, 562 no de móveis, 446 em máquinas e equipamentos e 313 na indústria metalúrgica.

Desde o início da aplicação das tarifas pelos EUA, a FIESC está atuando, em articulação com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para reverter a situação e para apoiar as indústrias catarinenses. Desde agosto mantém o programa desTarifaço, que oferece:

•    apoio na obtenção de crédito e benefícios governamentais;
•    consultoria para a abertura de novos mercados e para a adequação de produtos e linhas de produção;
•    orientação jurídica sobre recursos trabalhistas e negociações sindicais;
•    qualificação para funcionários inativos;
•    acolhimento e requalificação para trabalhadores demitidos.

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