O apoio do prefeito de Joinville, Adriano Silva, à reeleição do governador Jorginho Mello ultrapassou o campo administrativo. A aliança, que até então se resumia à boa relação entre a gestão estadual e a prefeitura do maior município de Santa Catarina, agora tem custo político — e alto.
A Executiva do Novo já deliberou: Gilson Marques será o candidato do partido ao Senado em 2026. A partir dessa definição, o Novo deixa claro que não quer apenas apoiar Jorginho. Quer fazer parte da chapa majoritária. E mais: quer ser protagonista.
Sintonia com cobrança
A sintonia entre Adriano Silva e Jorginho Mello é evidente. A afinidade política também. Mas isso, por si só, não basta. O Novo entende que a contribuição de Adriano para a reeleição do governador exige contrapartidas. E a principal delas é garantir uma das duas vagas ao Senado para o deputado Gilson Marques.
Caso contrário, cresce o risco de que o prefeito de Joinville, nome mais competitivo do partido, seja instado a disputar o governo do Estado. E se Adriano entrar no jogo, toda a configuração muda.
Jorginho terá que se ajustar
O governador terá que fazer contas e equilibrar interesses. Entre os nomes que miram o Senado estão a correligionária Carol De Toni (PL), o senador Esperidião Amin (PP), no contexto da Federação União Progressista, e agora Gilson Marques, do Novo.
Tudo isso partindo do pressuposto de que o vereador Carlos Bolsonaro, cotado para disputar o Senado por Santa Catarina, de fato não virá. Seja por eventual inelegibilidade — que não está descartada — ou por rearranjos internos no clã Bolsonaro, com Flávio eventualmente entrando em alguma composição nacional.
Rejane na conta
Mas a fatura do Novo não para por aí. Com Adriano Silva permanecendo na prefeitura e selando o apoio a Jorginho, o partido também espera um gesto futuro: o compromisso do PL em apoiar Rejane Gambim à prefeitura de Joinville em 2028.
A articulação é clara. Adriano deve lançar Rejane à Câmara dos Deputados em 2026, pavimentando seu caminho para disputar a prefeitura dois anos depois. E com Gilson Marques fora da Câmara, Rejane ocuparia o espaço político do Novo no Vale do Itajaí — hoje, o principal reduto eleitoral do estado.
A equação da governabilidade
Jorginho Mello terá que mostrar habilidade para administrar essa equação. Não quer perder o apoio da Federação União Progressista, que inclui o PP de Amin e o União Brasil. Mas também não pode abrir mão do Novo, que entrega Joinville e um nome competitivo ao Senado.
Nesse contexto, surge uma possível composição: manter Carol De Toni na Câmara e ceder as duas vagas ao Senado para o Novo e a União. O problema, como sempre, está na vice.
Vice em disputa
O nome natural para a vice é do MDB, tradicional aliado do PL em Santa Catarina. Mas há uma ala do PSD que articula a entrada do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, na majoritária, ocupando justamente essa vaga. O impasse: o PSD abriria mão da indicação do companheiro de chapa em favor de Topázio?
Nesse ponto, um plano B está na mesa: o presidente da Alesc, Júlio Garcia, poderia ser o vice, com João Rodrigues recuando da majoritária e disputando uma vaga na Câmara Federal.
Movimentos e migrações
Caso o PSD insista em lançar João Rodrigues ao governo, há quem cogite sua migração partidária. Republicanos e até mesmo o MDB são destinos possíveis. Se o MDB não desejar ficar fora da composição majoritária, teria que assimilar o nome de Topázio para vice, filiado ao partido.
Xadrez em andamento
Nada está decidido. As peças ainda estão se movimentando. Mas uma coisa é certa: o governador vai precisar costurar com destreza para preservar seu amplo campo político.