Há um abismo cada vez maior entre o discurso e a prática na condução do Estado brasileiro. Fala-se em ajuste fiscal, em contenção de gastos, em responsabilidade com as contas públicas, mas na hora de decidir onde não cortar e ampliar as despesas, as prioridades parecem sempre as mesmas: a máquina pública e política.
O governo federal anunciou, está na mídia, um aumento expressivo nas verbas destinadas à comunicação institucional, justamente às vésperas de um ano eleitoral. É o velho roteiro de sempre: quando faltam resultados concretos, sobra propaganda. O Estado vira publicitário de si mesmo.
Enquanto isso, áreas vitais como saúde, educação, segurança pública e infraestrutura continuam com orçamentos comprimidos, projetos interrompidos e promessas adiadas. O cidadão, o trabalhador, o profissional liberal, o empresário, que pagam a conta, assistem a esse espetáculo de ilusionismo político: o país da austeridade seletiva, onde se corta do povo e se multiplica para o poder.
O mais preocupante é a naturalização desse comportamento. O Brasil se acostumou a viver de narrativas, a substituir gestão por discurso, e a confundir comunicação com governança. A publicidade governamental deveria informar e prestar contas à sociedade, não servir como instrumento de manipulação de imagem.
A cada novo ciclo político, repete-se a mesma história: governos mudam, slogans se renovam, mas a prática de inflar verbas de propaganda e publicidade enquanto se corta em setores essenciais continua sendo o retrato fiel de um país que prefere parecer a ser.
E assim seguimos, entre promessas e propagandas, entre anúncios e carências. O Brasil precisa parar de fazer de conta, e começar a fazer de verdade.
Léo Mauro Xavier Filho




					
					
