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Caciques da política fora do Congresso

Da Folha de S. Paulo,

A eleição de 2018 produziu a maior fragmentação partidária da história do Senado Federal, que abrigará 21 legendas a partir do ano que vem, bem como um grande “não” para velhos conhecidos da política brasileira. Foram derrotados, por exemplo, a ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT), que acabou apenas em quarto lugar em Minas Gerais, e o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB). Perderam também os ex-governadores Roberto Requião (MDB) e Beto Richa (PSDB), do Paraná, Cristovam Buarque (PPS), do Distrito Federal, Zeca do PT (PT), do Mato Grosso do Sul, Jorge Viana (PT), do Acre, e Marconi Perillo (PSDB), que governou Goiás por quatro mandatos. Também não obtiveram sucesso os ex-prefeitos Cesar Maia (DEM), do Rio de Janeiro, e José Fogaça (MDB), da cidade de Porto Alegre. Nas redes sociais, Requião atribuiu a derrota ao “voto útil” da população nos dois vencedores, o professor Oriovisto Guimarães (Podemos), que foi presidente do grupo educacional Positivo, e o também professor Flavio Arns (Rede), com o objetivo de tirar Richa da segunda vaga. “[Sofri do] efeito Bolsonaro e [um] duro ataque de infâmias e calúnias”, comentou Requião, na internet. Outro degolado na disputa deste ano foi Romero Jucá (MDB-RR), que está no terceiro mandato e que foi líder do governo de três presidentes e ministro do petista Lula e do emedebista Michel Temer. Jucá perdeu a eleição por menos de 500 votos.
Também foram derrotados os petistas Lindbergh Farias, somente quarto lugar no Rio de Janeiro, e Eduardo Suplicy, que foi senador por 24 anos e hoje é vereador na cidade de São Paulo.
Não foram eleitos ainda os candidatos da família Sarney no Maranhão: o ex-ministro Sarney Filho (PV) e Edison Lobão (MDB), aliado histórico do ex-presidente. Lobão é ex-governador, ex-ministro e atual senador. Foi considerado suspeito, num desdobramento da Lava Jato, de ter recebido propinas de cerca de R$ 5 milhões. Segundo a Odebrecht, o parlamentar também teria ganhado o montante para interferir junto ao governo federal para anulação da concessão da obra referente à Usina Hidrelétrica de Jirau (Rondônia). As duas vagas no Maranhão ficaram com os candidatos Weverton (PDT) e Eliziane Gama (PPS), novatos.
Uma das maiores surpresas da eleição deste ano, no entanto, foi a derrota do senador Magno Malta (PR), que não conseguiu se reeleger e ficou em terceiro na disputa ao Senado pelo Espírito Santo. Malta, que recusou convite para ser vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), é um dos principais aliados do capitão reformado.
Casos, por exemplo, de Luiz Carlos Heinze (PP), o mais bem votado no Rio Grande do Sul, e o do jornalista Carlos Viana (PHS), o “Datena de Minas”, que recebeu apoio de vários líderes evangélicos ligados ao presidenciável do PSL, incluindo o próprio Magno Malta. Na campanha, Viana defendeu, entre outras questões, a redução da maioridade penal e criticou o que chamou de ideologia de gênero. Embora tenha perdido sete parlamentares, o MDB continuará a ser o maior partido do Senado Federal, ocupando 12 cadeiras. Na sequência, ficaram o PSDB, com oito, o DEM (7) e o PSD (6). O PSL de Bolsonaro, que não tinha nenhum parlamentar, ganhou 4 vagas, duas a menos que o PT. Entre os eleitos do PSL estão Flávio Bolsonaro, filho do capitão reformado, e o Major Olímpio, que obteve 8,8 milhões de votos e ficou em primeiro no estado de São Paulo. Entre os novos partidos que ganharam assento no Senado estão o PHS (2), o PRP (1) e o Solidariedade (1). A despeito do fraquíssimo desempenho da presidenciável Marina Silva nas urnas, a Rede terá 5 senadores. O Podemos, de Álvaro Dias, terá o mesmo número, incluindo o próprio candidato, que ainda tem mandato por mais quatro anos na Casa.

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