Blog do Prisco
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Carecemos de bons exemplos

Quando eu olho para a real situação do Brasil e dos brasileiros hoje, vejo que precisamos de muitas coisas, em várias áreas e em muitos lugares, para tentarmos melhorar um pouco.

Na minha visão, talvez a nossa mais premente necessidade, é a de bons exemplos, seja na política, na justiça ou na sociedade como um todo. Está difícil, muito difícil vermos alguém de referência.

Todos nós, no decorrer da vida, escolhemos pessoas numa certa etapa da mesma para nos espelharmos.

Com facilidade poderia fazer aqui um rol de personalidades que se destacaram na história do mundo e do nosso país, mas todos ficaram no passado, e hoje?

Você os encontra, merecidamente, em nomes de cidades, ruas, escolas e em muitos nomes de homens e mulheres.

Mas gostaria de citar aqui um fato que ocorreu na história do Brasil, e que serve de um bom exemplo para todos, principalmente para os governantes e para aqueles que trabalham com o dinheiro público.

Fato este que muitos não conhecem como eu não conhecia quando passei os olhos nas páginas de um livro que falava sobre exemplos de honestidade.

O incidente envolve três pessoas: Dom Pedro I, José Bonifácio e Martim Francisco.

José Bonifácio, uma figura primordial dos nossos homens públicos do Primeiro Império, era ministro e recebia como salário o valor de Cr$ 400.000 por mês.

No dia do recebimento de um de seus salários, guardou o dinheiro dentro do forro de pele de carneiro do seu chapéu. À noite foi ao teatro, deixando o chapéu no cabide de entrada. Quando voltou não encontrou nem chapéu nem dinheiro.

Informado do ocorrido, Dom Pedro ordenou ao Ministro da Fazenda, Martim Francisco, irmão de José Bonifácio, que lhe pagasse novamente o salário.

O Ministro da Fazenda se recusou terminantemente a cumprir a ordem do Imperador, ponderando que o Estado não pode responsabilizar-se pelos descuidos de seus funcionários. Acrescentou ainda que o ano tem doze meses para todos e não doze para uns e treze para outros.

Para ajudar na solução do problema, Martim Francisco deu a seguinte sugestão: ele daria a metade do seu salário ao irmão e os dois fariam uma economia forçada naquele mês.

Dom Pedro concordou com a idéia e os dois viveram aqueles trinta dias conforme suas economias.

Quantos Martins Franciscos o Brasil e o mundo precisam.

Termino este artigo pensando que até hoje não vi nenhuma escola, rua ou cidade com este nome. Quem sabe alguém um dia se lembrará deste fato e resolva homenagear tão ilustre ministro.

 

 

RICARDO WINTER

ricardof.winter@gmail.com