Coluna do dia

Duas cabeças

Duas cabeças

Emblemático o retorno de José Dirceu à cadeia depois da rejeição de seus recursos jurídicos. Sobretudo para o PT. Na hierarquia do partido, a estrela sempre foi Lula da Silva, mas nos bastidores o ex-guerrilheiro era o segundo em poder na estrutura vermelha.

Ao contrário de inúmeros petistas, como Antonio Palocci, Dirceu se recusa terminantemente a fechar acordo de delação premiada para livrar-se do xilindró.

Sua volta à cadeia também é importante no contexto geral de retrocesso no combate à impunidade. Já estava parecendo que a ofensiva contra a corrupção estava dando uma relaxada geral.

Ao fim e ao cabo, no âmbito do PT, tem-se o ex-presidente e figura quase mitológica do partido preso, assim como os números dois e três dentro do petismo; Zé Dirceu, também preso, e Palocci tendo subscrito acordo de delação após ter sido detido.

O PT precisa, urgentemente, se reinventar.

Economia no limite

Situação econômica do país, que chegou absolutamente deteriorada ao final de 2018, não cumpriu as expectativas de melhora significativa sob o novo governo. O quadro é delicadíssimo. O ministro Paulo Guedes é um homem extremamente bem-sucedido. Poderia estar curtindo a vida. Tenta, contudo, ajudar o país. Mas o fato é que até agora o governo fraqueja na missão de promover as mudanças que o Brasil precisa.

Alerta

O mercado e os investidores, evidentemente, puxam o freio de arrumação. A incógnita é saber se as reformas, a começar pela da Previdência, são pra valer. E mais. Será que a própria gestão Bolsonaro é pra valer? O presidente da República sempre teve um perfil estatizante. Iria, agora, se converter ao liberalismo de Paulo Guedes?

Conjuntura

Santa Catarina é um dos poucos estados onde o desemprego não está subindo, a exemplo do dólar, que vai às alturas enquanto a bolsa de valores cai fortemente. Os sinais de que estamos à beira de nova recessão estão aí. Não foi por acaso que Jair Bolsonaro, diretamente do exterior, deu uma aliviada no tom, adotando postura mais cautelosa após chamar os manifestantes de quarta-feira de idiotas úteis e de massa de manobra.

Liturgia do cargo

Este é o caminho. O patriarca do clã Bolsonaro precisa entender que chegou à Presidência da República. Ele não é mais um mero deputado federal do Rio de Janeiro que ficava fazendo discurso polêmico e arrumando confusão.

Retrato tupiniquim

Está correto o deputado Milton Hobus. É de sua lavra o relatório do Projeto de lei que proíbe a inauguração de obras públicas incompletas, texto aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). O absurdo é descobrir que precisamos, em pleno século 21, aprovar uma matéria desta natureza para evitar o descalabro que ocorreu em Balneário Camboriú, cujo centro de eventos foi inaugurado no ano passado. Totalmente sem condições de uso. Faltam elevadores, ares-condicionados e outros equipamentos, num custo estimado de R$ 15 milhões!

FRASE

“Você só pode inaugurar uma obra pública quando ela estiver em condição de ser utilizada. O Centro de Eventos de Balneário Camboriú é um exemplo recente. Foi inaugurado para soltar foguete e agora descobriram que faltam mais R$ 15 milhões para começar a funcionar”. Deputado Milton Hobus.

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