O deputado federal Ismael dos Santos apareceu entre os parlamentares que votaram a favor de trocar a cassação do mandato do deputado Glauber Braga por uma suspensão, decisão que na prática evitou a perda do mandato. A lista nominal da votação registra Ismael como “Sim”, ao lado de deputados do PT e de outros partidos, em posição contrária à orientação da bancada de Santa Catarina e de boa parte da oposição.
O episódio ganha peso político diante dos relatos de bastidores que circulavam antes da sessão. Segundo trechos de ata e comentários no plenário, houve articulação do comando da Casa e convocações de líderes que teriam pressionado deputados a recuar. Também circulou a versão de que parlamentares favoráveis à cassação poderiam enfrentar dificuldades na liberação de emendas. Esses elementos foram mencionados em registros da sessão e na cobertura jornalística sobre o caso.
A própria crise envolvendo Glauber Braga, que ocupou a mesa da Câmara e foi retirado à força no dia em que se discutia sua possível cassação por alegada quebra de decoro, transformou a votação em um episódio de forte simbolismo político, explorado por aliados para montar defesas e por adversários para exigir punição.
O que está em jogo
Ismael se apresenta publicamente como parlamentar de direita e como representante de eleitores evangélicos de Santa Catarina. Dentro desse contexto, seria natural esperar alinhamento com a bancada de oposição em votações com forte caráter punitivo a parlamentares de esquerda acusados de quebra de decoro. No entanto, seu voto nesta sessão o colocou ao lado do PT e de membros do campo de esquerda e do centro, justamente no momento decisivo que preservou o mandato de Braga. O contraste entre o discurso e a prática exige explicação. (Registro do voto nominal: Camara dos Deputados).
O eleitor catarinense tem o direito de saber se o voto de Ismael foi fruto de convicção parlamentar, de negociação política corriqueira ou de pressões que envolvam recursos públicos. A simples existência de boatos sobre retaliação orçamentária já compromete a transparência do processo e torna imprescindível que o deputado apresente justificativa clara e documentada sobre sua escolha na sessão que trocou a cassação por suspensão. Sem essa explicação, permanece a impressão de incoerência entre a imagem pública que o parlamentar divulga e suas decisões em votações relevantes que, de forma estranha mas repetida, acabam alinhadas ao governo e à bancada de esquerda da Câmara.








