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Itajaí defende seu futuro: Porto não pode ser palco de improvisações

Por Carlos Bittencourt

“Porto é progresso, mas sem improviso. Itajaí precisa de futuro planejado, não de aventuras perigosas.”
A decisão cautelar da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), suspendendo qualquer operação de carga a granel no Porto de Itajaí, representa muito mais do que uma medida administrativa: é a proteção de um projeto de cidade que valoriza sua história, sua qualidade de vida e seu papel estratégico na logística nacional.
Formalizada nesta segunda-feira (29) por meio da Deliberação-DG nº 30/2025, assinada pelo diretor-geral substituto Caio Farias, a decisão atende à denúncia apresentada pela empresa JBS Terminais Ltda., mas também ecoa o posicionamento firme da sociedade itajaiense, expressado pelo Conselho das Entidades de Classe. O ofício, entregue ao superintendente do Porto, João Paulo Tavares Bastos, manifesta a rejeição da comunidade a qualquer tentativa de mudar o perfil operacional do terminal.
Não se trata de resistência ao desenvolvimento. Trata-se de responsabilidade e planejamento. Desde 2017, a sociedade civil já deixou claro — em audiência pública histórica, presidida pelo então vereador e atual prefeito Robison Coelho — que a movimentação de cargas a granel sólido, como fertilizantes e soja, é incompatível com o modelo urbano de Itajaí.
O Porto de Itajaí está integrado ao centro da cidade, cercado por bairros residenciais, escolas, áreas comerciais e turísticas. Introduzir operações de granéis sólidos significaria impor à população riscos ambientais, de saúde pública e de mobilidade que não se coadunam com o que foi construído até hoje.
A posição do superintendente João Paulo Tavares Bastos, que defende a preservação da vocação conteinerizada do terminal, reforça a responsabilidade que se espera da gestão pública e portuária. Sua postura alinha-se à necessidade de proteger Itajaí não apenas como centro logístico, mas também como exemplo de desenvolvimento urbano equilibrado.
Entretanto, é preciso lembrar que a decisão da ANTAQ tem caráter cautelar, e ainda poderá ser alvo de recursos e pressões. Daí a importância de manter a mobilização permanente de lideranças empresariais, políticas e da sociedade civil, para garantir que a decisão se mantenha firme e definitiva.
O futuro de Itajaí exige escolhas conscientes. O Porto, como coração econômico da cidade, precisa continuar batendo forte — mas em sintonia com a história, o meio ambiente e a qualidade de vida de seu povo. Desenvolvimento verdadeiro é aquele que respeita vocações, protege as comunidades e olha para as próximas gerações.