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Mocotó Cor chega à sua quinta edição neste sábado, 3

A 5ª edição do Mocotó Cor acontece no próximo dia 03 de outubro. Até o momento já foram investidos mais de um milhão de reais, sem considerar o capital humano

“Do morro ao asfalto: queremos sim ser capa dos jornais, manchetes de destaque, mas não pela violência, que existe e não negamos, mas que é muito menor do que as ações que só conhece quem se despe de preconceito e sobe o morro para conhecer” – Padre Vilson Groh

O carismático e grande empreendedor social, Padre Vilson Groh, presidente da Rede IVG, costuma dizer que somos gente simples, fazendo coisas simples, em lugares pouco importantes que provocam mudanças extraordinárias. Com esta filosofia é que foi criado em 2013 o programa Mocotó Cor, com o objetivo de organizar ações estruturantes envolvendo a comunidade, o poder público e parcerias da iniciativa privada para materializar a “Ética e a Estética” na comunidade do Mocotó.

mocotór corSegundo o presidente da ACAM – Associação da Casa dos Amigos e Adolescentes do Morro do Mocotó, organização que integra a Rede IVG, Willian Nazetti, o projeto vai muito além de trazer cores para a comunidade, é um movimento de cidadania, que recupera espaços deteriorados, como lixo espalhado, imóveis precários, acessos provisórios, fortalecendo a comunidade para fomentar a resolução de problemas existentes no território. Para isso, também está sendo articulada uma rede de desenvolvimento para o Mocotó contando com a participação das organizações (públicas, privadas e sociais) localizadas no entorno, principalmente na região da Prainha.

No próximo dia 03 de outubro será realizada a 5ª edição do mutirão, a concentração será a partir das 7h30 no estacionamento da Creche Celso Ramos, ao lado do SENAC e a partir das 8 horas os voluntários irão subir o Morro para colorir a comunidade e fazer parte dessa grande transformação. O objetivo neste dia é pintar 44 casas no alto do Morro da Queimada, utilizando no mínimo 864 litros de tinta, além de uma ação focada no Dia das Crianças, com recreação e lanche. Ainda nesta manhã serão instaladas placas de conscientização e um projeto piloto de endereçamento ao Morro do Mocotó com a instalação de placas com nomes de algumas ruas.

O processo de endereçamento do Morro do Mocotó está sendo feito em conjunto com a comunidade local. “A proposta é construir junto com os moradores a sugestão dos nomes das ruas”, declara o presidente da ACAM. Dentro das necessidades da comunidade, a colocação de mais 40 lixeiras e corrimões na escadaria da Servidão Principal do Mocotó, custeadas pela Koerich Imóveis, parceira do projeto desde o início. A segurança da escadaria para as crianças e idosos foi um dos pontos levados até o setor de engenharia da construtora, que tomou a iniciativa de desenvolver o projeto. “Os engenheiros da empresa se reuniram e desenvolveram o projeto. Nesse primeiro momento vamos instalar corrimões da ACAM até o alto da Queimada. Realizamos um estudo e colocamos um protótipo para teste e agora é fazer a instalação definitiva”, relata Guilherme Salgado, engenheiro responsável.

Segundo o padre Vilson Groh, as mudanças já estão ocorrendo no Morro do Mocotó, muito fruto do projeto. “Depois da intervenção positiva com o projeto Mocotó Cor, é possível reconhecer melhorias na comunidade. As crianças e jovens participam das ações e isso reflete no reconhecimento e cuidado com as benfeitorias. Isso é um ganho para toda a sociedade. Vamos continuar trabalhando por elas”, afirmou. Comentou ainda que esse processo de construção de uma nova realidade depende da ligação entre todos os pontos da sociedade: o poder público, os empresários, as organizações sociais e a própria comunidade. “O projeto significa o primeiro passo de uma série de ações que a gente está desenvolvendo em termos de recuperar esses espaços. O segundo movimento é construir processos de políticas públicas com saneamento e outras necessidades da comunidade do morro”. E ele continua: “Queremos sim ser capa dos jornais, manchetes de destaque, mas não pela violência, que existe e não negamos, mas que é muito menor do que as ações que só conhece quem se despe de preconceito e sobe o morro para conhecer”.

Para entender o impacto

Era maio de 2014 quando tudo começou. O entusiasta padre Vilson Groh e o empresário Waltinho Koerich, que é voluntário da Rede IVG, materializaram um sonho antigo da equipe da ACAM: trazer cor para o morro. Na época foi realizado um levantamento técnico, avaliação das casas e oficinas sobre técnicas de pintura para capacitar comunidade e voluntários. Na sequência foi realizado um mutirão de limpeza e preparação das casas a serem pintadas.

Até agora, com os quatro mutirões, já foram pintadas e porque não, recuperadas, 96 casas – destas 53% eram mistas, ou seja, de alvenaria e madeira. Já as casas de alvenaria, 70% não tinham nenhuma pintura.

Foram utilizados mais de 2.700 litros de tinta, doados pela Tintas Renner, parceira do projeto desde a sua concepção.

No processo de recuperação da comunidade foram instaladas lixeiras no morro, bem como um novo parquinho para as crianças, seguindo normas de segurança, e o plantio de árvores no alto do Morro da Queimada.

Com a participação de 15 grafiteiros foi criada, no antigo Beco do lixo, uma Galeria de Arte Urbana, traduzindo o olhar da comunidade sobre o projeto.

Muito mais que cifras

A ACAM atende em período contrário à escola 195 crianças e adolescentes com idade entre 5 e 15 anos, todos moradores da comunidade do Mocotó. É uma das organizações que faz parte da Rede IVG. Em 2014 foram Investidos R$ 454,16 mensalmente por benificiário, atendendo 195 crianças e adolescentes de segunda a sexta-feira, o que contemplou um investimento social de aproximadamente R$ 1 milhão de reais no ano.

A Koerich Imóveis e a Tintas Renner, somados a outros importantes parceiros vêm realizando investimentos diretos em materiais que já superaram R$500 mil reais. Ao incluirmos mão de obra das empresas envolvidas, com diversos profissionais de vários níveis, somados a hora técnica, este valor, também se aproximaria dos R$500 mil reais. Assim, o investimento total anual da ACAM e Mocotó Cor chegariam a, no mínimo, R$ 2 milhões de reais.

Se somarmos a mão de obra dos voluntários envolvidos nos mutirões, um valor intangível, pois são pessoas se doando ao próximo, com uma média de 120 pessoas por edição, chegamos a doação de 2.400 horas para o Mocotó Cor. Num cálculo hipotético, levando em consideração a média de valor paga em uma consultoria pelo Sebrae/SC, chegaríamos ao valor de R$240 mil reais.

“E esse é um projeto que não tem início, meio e fim, após o processo de pintura e do endereçamento, continuaremos a resgatar a cidadania da comunidade que vive no Mocotó, fazendo com que o Projeto ‘ande com suas próprias pernas’, ou seja, que os moradores sejam os verdadeiros protagonistas das ações. Queremos e vamos continuar focados na desconstrução de uma visão preconceituosa quanto ao morro, seja o do Mocotó ou qualquer outro”, comenta Waltinho.

E para fazer refletir, em 2014 a Rede IVG, que reúne sete organizações sociais, atendeu 5.116 pessoas, entre crianças, adolescentes, jovens e adultos, distribuiu mais de 574 mil refeições, investindo mais de R$16 milhões na construção de um futuro melhor. E apenas como comparativo: no ano de 2014, o orçamento executado pela Secretaria Municipal de Assistência Social para Investimento na área social foi de R$ 10.561.760,66.

Um outro exemplo, o custo médio mensal de um atendimento no IVG gira em torno de R$280 reais, com ações de prevenção a violência e cuidado com a vida. Apenas para comparativo, segundo dados do DEASE/SJC-SC 2014, um adolescente em conflito com a lei no sistema socioeducativo de internação provisória tem um custo unitário mensal de R$ 4.231,36 e na semiliberdade tem um custo de R$ 2.738,35, todos pagos pela sociedade.

“Aplicamos, com recursos de doações e mobilização de recursos, em sete organizações, um investimento expressivo que beneficia toda a sociedade. Ficamos felizes por podermos fazer o bem, mas inconformados pelo pouco que se investe em dignidade”, desabafa padre Vilson.

O projeto Mocotó Cor é uma realização do Instituto Vilson Groh, ACAM – Associação da Casa dos Amigos e Adolescentes do Morro do Mocotó, com a participação de diversas parcerias públicas, como a Comcap, OAB/SC e a Prefeitura de Florianópolis, além do engajamento dos voluntários da Koerich Imóveis, da doação das tintas pela Tintas Renner e de inúmeros outras pessoas que doam seu tempo em prol do próximo e da construção de uma sociedade melhor.

SERVIÇO

Mocotó Cor
Data: 03 de outubro
Horário: concentração entre 7h30 e 8h
Local: no estacionamento da Creche Celso Ramos, ao lado do SENAC.
Mais informações: 48 3039.1828
www.redeivg.org.br

Foto: Instituto Pe.Vilson Groh, arquivo, divulgação

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