Coluna do dia

Pátria amada

Não bastassem os problemas de toda sorte que os brasileiros enfrentam no dia-a-dia; sem transporte, sem acesso à saúde, sem emprego, sem creche, sem escola, sem futuro, mas trabalhando duro para bancar uma carga tributária inacreditável e que é fundamentalpara manter privilégios dos doutores (tenham eles curso superior ou não) do andar de cima; agora resolveram aparecer os salvadores da pátria. Primeiro, Marco Aurélio Mello, que faz parte da “nata”desde o berço (com a canetada apressada que tentou tirar o notório Renan Calheiros da estofada cadeira de presidente do Senado).

Nesta semana, foi a vez de Luiz Fux – aquele que pediu vistas  da suprema nobreza do STF e não descansou enquanto não obteve êxito em seu lobby para ver a filha nomeada ao TJ do Rio de Janeiro. Por oportunismo, vaidade, desconhecimento ou por interesses inconfessáveis, o douto magistrado resolveu, em um despacho, anular a votação das 10 Medidas Contra a Corrupção, que foram aprovadas pelo plenário da Câmara.

O pacote foi mutilado, é verdade. A intenção de Fux, nos esforcemos para acreditar, foi a mais nobre possível, mas alto lá. Os deputados têm mandato, foram eleitos de forma legal e tem o mais absoluto poder (entenderam eleitores?) para modificar o que quer que seja nas comissões das quais fazem parte e no plenário da Casa. Se as mudanças são boas ou ruins é outra história. O que não dá para aceitar é ver o Judiciário legislando monocraticamente.

 

Bate-boca

A guerra de poder, vaidades e privilégios entre o STF e o Congresso (enquanto a sociedade se esfarela), parece ilimitada. Algo impensável no passado não muito distante, virou lugar-comum: o ministro Gilmar Mendes passar pitos públicos em seus colegas. Fux e Mello se excederam. Beleza. Mas é no mínimo falta de ética um integrante da mesma corte ironizar e diminuir as posições dos “supremos”.

 

Dúvida

Pergunta que não quer calar: Gilmar Mendes virou o ombudsman do STF. Seria por pura convicção e idealismo? Ou há outros interesses nessas manifestações?

 

Inacreditável

A situação a que chegou a Fahece, mantenedora do Cepon, instituição que sempre tratou e combateu o câncer. Há muitos responsáveis, sem dúvida, mas a palavra de ordem na Assembleia é “salvar” a pátria, atuando para que o hospital não feche as portas.

 

Baliza

Palmas para Renan Calheiros, que quer aprovar a qualquer custo o projeto que, em tese, acabaria com os supersalários (muito embora o teto salarial esteja estabelecido na Constituição. Mesmo assim, seria preciso aprovar um PL para validar a Constituição?). Só se nesta matéria estivesse incluída a redução drástica dos privilégios dos parlamentares, como carro, gasolina, motorista, telefones celulares e fixos, passagens aéreas, envio de correspondências, impressão de materiais gráficos, pencas de assessores, auxílio-moradia e ressarcimento nas notas de restaurantes e afins, que são bancados com o suado dinheiro dos trabalhadores, empresários e profissionais liberais.

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