Por Sérgio José Tomio
CEO da Proway, Centro de treinamento em Tecnologia da Informação, Comunicação de Blumenau.
Santa Catarina já é reconhecida nacionalmente como um estado que respira tecnologia. De Joinville a Florianópolis, passando por Blumenau, Jaraguá do Sul e outras cidades, temos um ecossistema vibrante, com startups em crescimento, universidades fortes e hubs de inovação em plena atividade. Mas se queremos dar um salto e transformar essa vocação tecnológica em desenvolvimento urbano inteligente e sustentável, precisamos ir além. Precisamos de Distritos de Inovação.
Mas afinal, o que é um Distrito de Inovação?
É um espaço urbano vivo, integrado à cidade, onde se reúnem as condições ideais para que a inovação floresça. Diferente dos tradicionais Parques Tecnológicos, muitas vezes isolados e com foco específico, o Distrito de Inovação é multifacetado, pulsante, misto e conectado com a vida cotidiana. Ele atrai talentos, empresas, universidades, centros de pesquisa e, sobretudo, promove interações entre esses atores. Funciona como um laboratório urbano a céu aberto, onde se testam soluções para a cidade e para o mundo.
Esse conceito não é apenas teórico. O mundo já mostrou que funciona. O caso mais emblemático é o 22@Barcelona, que transformou uma antiga área portuária degradada na região mais vibrante da capital catalã. O modelo inspirou o Porto Digital, no Recife, um dos maiores polos de tecnologia do país. E há inúmeros outros exemplos: Boston, Manchester, Melbourne, Medellín, Austin, Xangai… Todos mostram como inovação, cidade e qualidade de vida podem caminhar juntas.
O Brasil começa a se mover nessa direção. Porto Alegre transformou o Instituto Caldeira em um embrião de Distrito de Inovação. São Paulo já discute seu modelo. Em Santa Catarina, Blumenau sai na frente com a retomada do debate sobre o tema e o anúncio de um possível primeiro aporte do governo estadual.
Mas é preciso deixar algo claro: a criação de um Distrito de Inovação não pode ser um projeto de governo. Precisa ser um projeto de cidade. Ou melhor, de ecossistema. Nenhum dos atores – governo, empresas, universidades ou comunidade – conseguirá fazer isso sozinho. É preciso cooperação desde a concepção. Só assim será possível atrair âncoras relevantes (uma universidade, uma grande empresa tech, um hospital de referência), convencer investidores e, sobretudo, gerar valor percebido pela população.
Os desafios são grandes, mas os benefícios são maiores. Onde há Distrito de Inovação bem estruturado, há aumento da renda média, diversificação econômica, retenção de talentos e melhoria da qualidade de vida.
Santa Catarina tem tudo para liderar essa agenda no Brasil. Temos capital humano, vocação empreendedora, infraestrutura tecnológica e vontade política em ascensão. Só falta dar o próximo passo.
A hora é agora.