Convivência entre infraestrutura portuária e urbana pode gerar empregos, turismo e desenvolvimento sustentável; tema será um dos destaques do Portos & Costas Brasil 2025
A relação entre os portos e as cidades onde estão inseridos é cada vez mais estratégica para o desenvolvimento regional. Essa convivência envolve a integração entre a infraestrutura portuária — essencial para o comércio internacional — e o tecido urbano, impactando diretamente a economia, o meio ambiente e a qualidade de vida da população.
Os portos contam com infraestrutura aquaviária (como canais de acesso, cais e berços de atracação) e terrestre (pátios, armazéns, vias e equipamentos como guindastes e sistemas de movimentação de contêineres). Toda essa engrenagem movimenta cargas, gera empregos e estimula cadeias produtivas locais.
No entanto, os impactos dessa presença são complexos. Além dos benefícios econômicos, as atividades portuárias podem gerar poluição, pressionar sistemas de moradia e mobilidade urbana, além de representar desafios à preservação ambiental. Por isso, a boa integração entre porto e cidade é fundamental.
A diretora de Sustentabilidade do Ministério de Portos e Aeroportos, Larissa Carolina Amorim dos Santos, explica que a relação porto-cidade no Brasil ainda enfrenta desafios históricos de integração, resultado de um longo processo de afastamento físico, social e institucional entre os portos e os centros urbanos que os abrigam. “No entanto, temos observado avanços importantes, especialmente no reconhecimento da importância dessa integração para a sustentabilidade das operações portuárias e para o desenvolvimento regional”, pontua.
Engenheira florestal e mestre em Ciências Florestais, Larissa destaca que, dentro da pasta, a temática é considerada extremamente relevante e, por isso, passará a integrar a Política de Sustentabilidade no próximo ciclo de gestão, com foco em aspectos sociais, ambientais e de desenvolvimento territorial. “Além disso, estamos trabalhando na estruturação de um Observatório Nacional da Relação Porto-Cidade, que nos permitirá mapear, monitorar e dar visibilidade às iniciativas existentes em todo o país, criando uma base sólida para políticas públicas mais estruturadas no futuro.”
Outro ponto importante levantado por Larissa é que, nas duas últimas décadas, um dos principais avanços foi a mudança na percepção de empresas públicas e privadas sobre a importância da relação porto-cidade. “Se antes o foco estava restrito ao atendimento de condicionantes ambientais ou à redução de custos, hoje há uma compreensão crescente de que o relacionamento com o entorno urbano também é um ativo estratégico de imagem institucional, reputação e responsabilidade social”, salienta.
Segundo a especialista, os Planos Mestres Portuários, que passaram a abordar o tema há cerca de uma década, reforçaram a necessidade de planejar e mitigar os impactos urbanos das operações portuárias. “Além disso, vemos uma diversidade de ações lideradas por arrendatários, TUPs e autoridades portuárias, envolvendo desde projetos de melhoria da infraestrutura urbana e mobilidade até iniciativas sociais e ambientais que buscam promover uma convivência mais harmoniosa entre porto e cidade. E, embora o cenário ainda seja bastante diverso, existem portos e operadores que têm ido além das obrigações regulatórias, adotando práticas voluntárias de gestão ambiental, como monitoramento contínuo da qualidade ambiental, programas de eficiência energética, gestão de resíduos e ações para redução de emissões.”
No entanto, Larissa acrescenta que a maior parte do setor ainda está fortemente orientada pelo cumprimento de exigências legais e condicionantes ambientais. “Um dos grandes desafios é fazer com que a sustentabilidade seja vista não apenas como um custo ou obrigação, mas como um fator de competitividade, inovação e geração de valor para o negócio portuário. Estamos avançando, mas ainda há um caminho importante a percorrer para alcançarmos os padrões de sustentabilidade e inovação ambiental dos principais portos de referência internacional.”
Meio ambiente e desenvolvimento sustentável
Larissa Amorim será uma das painelistas do segundo dia do evento Portos & Costas Brasil 2025, ao lado de outros nomes importantes do setor portuário brasileiro, que discutirão a temática “Meio ambiente e desenvolvimento sustentável”. A moderação será do oceanólogo e consultor ambiental Marcelo Travassos.
“Discussões acerca das relações porto-cidade são de extrema importância nos dias atuais e ganham ainda mais relevância no Sul e Sudeste do Brasil, onde os principais portos estão incrustados nos núcleos urbanos. Um exemplo claro dessa realidade é o caso do complexo portuário de Itajaí e Navegantes, região sede da edição 2025 do evento, onde os terminais portuários estão cravados em áreas centrais nos dois municípios”, destaca Mauricio Torronteguy, idealizador do evento.
A edição 2025 do Portos & Costas Brasil será realizada nos dias 22 e 23 de setembro, no Riviera Convention Center, na Praia Brava, em Itajaí (SC). As inscrições já estão abertas e são limitadas a 280 participantes. Até o dia 15 de julho, os interessados podem garantir sua vaga com preços promocionais, por meio do site oficial: www.portosecostas.com.br/inscricoes
Mais informações sobre a programação completa, painéis temáticos, palestrantes, apoiadores e patrocinadores estão disponíveis no portal do congresso: www.portosecostas.com.br