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Primórdios da imigração italiana no Brasil

 

 

INÍCIO

 

O pioneiro núcleo colonial de imigrantes italianos em terras brasileiras remonta aos tempos da menoridade de D. Pedro II, estando o Império do Brasil sob o governo da Regência Una do paulista padre Diogo Antônio Feijó, do Partido Moderado.

A pioneira Colônia Nova Itália foi fundada há mais de 189 anos no alto vale do Rio “Tijucas-Grande”, no atual município de São João Batista, por italianos, majoritariamente provenientes da região da Ligúria, no noroeste do território da atual República Italiana, com 1,7 milhão de habitantes e 5.410 km². Tem limites ao sul com o mar Lígure, a oeste com a França, a norte com o Piemonte e com a Emília-Romanha, e, a leste, com a Toscana.

Cidade portuária, a capital da região de Ligúria, Gênova, foi fundada há mais de 2.500 anos e disputa com a francesa Marselha o título de porto mais importante do Mediterrâneo. É importante centro de indústrias metalúrgicas, siderúrgicas, químicas, de cimento, de papel, refinarias de petróleo, madeireiras, têxteis e estaleiros.

Os 186 pioneiros imigrantes italianos que viriam colonizar e desenvolver terras brasileiras, aportaram em março de 1836, no Porto de Nossa Senhora do Desterro, na baía norte da Ilha de Santa Catarina, transportados pelo navio Correio. E 132 destes imigrantes católicos, sob o patrocínio de São José, fundaram a Colônia Nova Itália, a pioneira da imigração italiana no Brasil, que ao longo de décadas recebeu também outras levas de imigrantes italianos.

A Colônia pioneira de italianos no Brasil, fundada em 1836, foi uma iniciativa do armador Carlo DeMaria (com raízes em Gênova) juntamente com o agente consular do Reino da Sardenha em Nossa Senhora do Desterro (hoje Florianópolis), Henrique Ambauer Schutel, natural de Milão, que para tal fim constituíram, em Nossa Senhora do Desterro, a empresa DeMaria & Schutel),

Para instalar uma “colônia agrícola, industrial e pastoril”, a empresa DeMaria & Schutel requereu e recebeu da Província de Santa Catarina, inicialmente, a concessão de quatrocentas mil braças quadradas e, também ano de 1836, outra concessão de duas léguas quadradas, totalizando 7.393,6 hectares, no território da Freguesia e Município de São Miguel da Terra Firme.

Para administrar a pioneira colônia de italianos no Brasil, DeMaria e Schutel contratam, para o cargo de Diretor da Colônia Nova Itália, o franco-suíço Luc

 

Montandon Boiteux (Neuchâtel, Suíça, 1798 – Nossa Senhora do Desterro/SC, 29 de março de 1842), que se estabelece na Colônia Nova Itália com sua esposa Marie Magdaleine Anastasie Bouquet Boiteux, um filho e quatro escravos.

Primeiro Diretor da Colônia Nova Itália, Luc Boiteux estudou em uma Universidade alemã, foi secretário particular do Grão Duque da Toscana e, após a morte do Grão Duque Fernando III, em 1824, assumiu elevada função em um banco na cidade portuária de Gênova, de onde partiu o navio Correio, que conduziu os pioneiros imigrantes italianos ao Brasil, há mais de 189 anos.

 

PIONEIRAS FAMÍLIAS DE IMIGRANTES ITALIANOS NO BRASIL, que

fundaram a Colônia Nova Itália, em 1836:

Pesco, Pesce, Peixe ou Peixer | Riolfo | Alerto | Caviglia | Montado

|Sardo, Sarda ou Sardá | Gambelli | Busano, Busana, Bozzano

|Ramascy | Mattia ou Matias | Giordino | Poleres | Pislori | Riban

|Benotti | Grosso | Rilla | Valerino | Zunino | Ratto | Pastorio |Madona

| Formento | Suzeno | Pera

Posteriormente, outros imigrantes se estabeleceram na Colônia Nova Itália, como as famílias Sartori, Angeli, Corsani, Trainotti, Puel, Mazoto, Martini, Tomazoni e Sgrott.

A segunda colônia de italianos no Brasil foi a Colônia Alexandra, em Morretes/PR, fundada em 1872, sob a liderança do imigrante italiano Salvino Tripotti, trazendo consigo mais de 50 emigrantes saídos do Vêneto, no Reino da Itália.

 

A GRANDE IMIGRAÇÃO ITALIANA EM SANTA CATARINA

A partir de 1875, teve início a imigração italiana em massa para Santa Catarina, resultado da aplicação do decreto imperial nº 5.663, de 17 de junho de 1874, que autorizou a celebração de um contrato com Joaquim Caetano Pinto Júnior, em 1874, para introduzir no Brasil cem mil imigrantes, em um prazo de dez anos.

Nas colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro, que formavam a freguesia (paróquia) São Luiz Gonzaga, nos vales dos rios Itajaí-Mirim e Tijucas, que viria a formar o município de São Luiz Gonzaga em 1881 (Brusque, a partir de 17 de janeiro de 1890), deu-se o início da grande imigração italiana no estado, com a chegada da primeira leva de imigrantes em 4 de junho de 1875. Eram 108 colonos, entre trentinos, vênetos e lombardos.

As colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro receberam cerca de 11 mil italianos originários do então Reino da Itália (vênetos e lombardos, principalmente).

 

Mas na sua maioria os imigrantes eram originários do Tirol italiano, região ao sul do Império AustroHúngaro. Esses imigrantes, conhecidos como tiroleses (tirolesi), que chegaram ao Brasil com passaporte austríaco, eram de língua italiana. A região da qual eles partiram foi anexada pela Itália após a primeira guerra mundial, mudando a denominação para Província de Trento. Atualmente, é comum se referir a essa imigração como “trentina”. No período da grande imigração, o território de Trento era conhecido como Tirolo Italiano (em alemão Welschtirol ou Welsch-Südtirol), sendo o idioma predominante o italiano, embora estivesse unido à Áustria desde 1363.

Nova Trento, Botuverá e Guabiruba integravam o território das então colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro.

 

NOTA: A Colônia Itajahy foi instalada em 4 de agosto de 1860 pelo barão austríaco Maximilian von Schneéburg, liderando 55 imigrantes do sul da atual Alemanha. Tinha como território a margem esquerda de Brusque, Guabiruba e parte de Gaspar (Barracão), com sede no entorno da hoje Praça Barão de Schneéburg.

Já a Colônia Príncipe Dom Pedro foi instalada pelo Dr. Barzillai Cottle na confluência do ribeirão Águas Claras com o rio Itajaí-MIrim, liderando 98 imigrantes de língua inglesa, vindos, em sua maioria, dos Estados Unidos, com o território dos atuais municípios de Botuverá, Vidal Ramos, Nova Trento (atingindo até a localidade do Krecker, em São João Batista) e margem direita de Brusque.

As colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro foram administrativamente unificadas em 6 de dezembro de 1869.

Com o território da Colônia Itajahy e Príncipe Dom Pedro é formada a Freguesia (paróquia) São Luiz Gonzaga, através da Lei Provincial nº. 693, de 31 de julho de 1973, e criado o Município e a Vila de São Luiz Gonzaga, pela Lei Provincial nº. 820, de 23 março de 1881, sendo a denominação alterada para Município e Vila de Brusque (Decreto n.º 77, de 17 de janeiro de 1890). Brusque foi elevada a categoria de cidade em 23 de setembro de 1916, marcando o dia dos 30 anos de falecimento do Conselheiro Imperial Dr. Francisco Carlos de Araújo Brusque. Após o fim do período colonial, Nova Trento (que na lei de criação do município de São Luiz Gonzaga integrava seu território) passou a fazer parte do município de Tijucas. Foi a comunidade neotrentina emancipada política e administrativamente em 8 de agosto de 1892.

 

(Historiador Paulo Vendelino Kons, da Associação dos Descendentes e Amigos do Núcleo Pioneiro da Imigração Italiana no Brasil (ADANPIB) – bicentenariodaindependencia@gmail.com – 47 9 9997 9581 |

47 9 8873 1957)