Historicamente, Santa Catarina é um Estado essencialmente conservador. A esquerda jamais o administrou e, por isso mesmo, é uma unidade federada que vai bem, obrigado.
Basta dar uma passeada por alguns Estados onde o PT deixou suas marcas. Aqui pertinho, no Rio Grande do Sul, vizinho estado. Já no Paraná, quem tomou o poder foi uma esquerda disfarçada, Roberto Requião, que provocou seus estragos. Nada, contudo, que se compare ao que aconteceu em terras gaúchas ou em Minas Gerais, e daí por diante.
Com as eleições de 2018, surgiu inesperadamente o fator Bolsonaro. Santa Catarina, não se sabe por quê, talvez pelo seu perfil conservador, resolveu ter um comportamento potencialmente bolsonarista.
Os eleitores daqui deram a ele quase 76% dos votos válidos no segundo turno, além da eleição de seguidores do PSL à época e depois do PL em 2022, quando Bolsonaro não se reelegeu.
Forasteiro
No entanto, o ex-presidente lançou aqui um ilustre desconhecido, Jorge Seif, que fez um milhão e meio de votos para o Senado, abrindo quase 900 mil em relação a um ex-governador de dois mandatos, Raimundo Colombo, que também já havia sido derrotado em 2018, quando se elegeram Esperidião Amin e Jorginho Mello.
Quem?
Também nessa eleição, um outro ilustre desconhecido deu o ar da graça. O coronel Carlos Moisés da Silva, que se elegeu governador, uma nuvem passageira.
Vapor
Assim como apareceu, igualmente desapareceu da vida pública catarinense. Fazemos essa introdução para ponderar que, efetivamente, o catarinense tem que fazer as suas reflexões, não deve deixar de ser conservador, evidentemente, mas precisa apreciar essa questão da família Bolsonaro que se imagina a dona do pedaço, que toma conta do território catarinense.
De novo?
Ora, em um intervalo de menos de quatro anos, goela-abaixo dois candidatos ao Senado? Sendo que o segundo, já com residência fixada em São José, é um filho do ex-presidente: Carlos Bolsonaro. Ele não tem nada a ver com o nosso estado, não o conhece. Mesmo assim, está sendo imposto como candidato.
Terra de ninguém
Vale lembrar que estamos na iminência, uma vez Jorge Seif absolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral, a partir de 2027, de contar com dois senadores estrangeiros, entre os três que cada Estado tem direito. Dois nomes importados.
Bem menos
Há quem pondere que Seif é catarinense. Sua família tem negócios aqui há muitos anos, mas ele não vivia a vida pública e nem mesmo a realidade social do estado.
Vai que é tua
O que se observa é que, ao impor Carlos Bolsonaro, o ex-presidente e o PL jogam uma baita batata quente na mão do governador, que não vai reclamar, porque foi eleito, em 2022, muito com a ajuda do então presidente Jair Bolsonaro, seu correligionário.
Olho no olho
Ocorre que na terça-feira, Carol De Toni, que já estava programada para concorrer ao Senado, é recebida por Bolsonaro. Ela explicou ao ex-presidente que já havia assumido o compromisso de ir à Câmara Alta e lançou candidatos a federal em várias regiões do estado.
Respaldo
Seu nome, inclusive, já havia sido lançado pelo próprio governador Jorginho Mello. Carol não tem como recuar. E o que ela ouviu da parte de Bolsonaro? Estímulo para que fosse à frente. Isso na terça, quando, ainda, o líder da direita reiterou que Carlos Bolsonaro será candidato.
Velhos amigos
No dia seguinte, na quarta, Jair Bolsonaro recebeu Esperidião Amin, com quem conviveu na Câmara dos Deputados por pelo menos dois mandatos. Também foi senador eleito na mesma eleição que ele se elegeu presidente da República. Da mesma forma, o ilustre interlocutor encorajou o catarinense a buscar a reeleição.
Não fecha
Mas, peraí, serão duas vagas ao Senado em 2026. Ele não abre mão do filho, que vem goela-abaixo, e estimula os outros dois a concorrer? Na mesma coligação, evidentemente, isso é impossível.
Conservadores
Então Carol iria para um outro partido? Num encaminhamento desses, as pesquisas já mostram que os votos bolsonaristas seriam dirigidos a Carluxo e a Carol.
Rodando
Esperidião Amin, portanto, ficaria na estrada? Mesmo indicado na chapa liderada por Jorginho Mello? Ou seja, além de se considerarem donos do estado, alguém está sendo enganado.
Lorota
Não pode ser assim. Eles definem quem são os candidatos, e o pior, é um jogo de engana-engana. Estimula todo mundo e o governador que se vire.
Tumor
De modo que, efetivamente, hoje é nefasta a influência da família Bolsonaro em Santa Catarina. Sem esquecer que o vereador Renan(Balneário Camboriú), filho de Jair Bolsonaro, é candidato a deputado federal. É algo que já passou de todos os limites aceitáveis. A hora é de uma reação.