Blog do Prisco
Destaques

Unidades de Conservação Municipais é tema de debate em audiência pública na Câmara da Capital

O encontro reuniu vereadores, representantes da administração pública, especialistas e membros da sociedade civil, que lotaram o plenarinho da Casa para acompanhar e participar das discussões. A audiência reuniu proprietários de terras que solicitaram o reconhecimento formal de seus imóveis, buscando garantir seus direitos de propriedade dentro ou próximos às Unidades de Conservação (UCs).Ao mesmo tempo, participaram cidadãos e representantes de grupos ambientais que defenderam as UCs como instrumentos legítimos e fundamentais para a proteção do patrimônio natural do município, ressaltando que essas áreas não devem ser confundidas com ocupações irregulares ou invasões, mas sim respeitadas como espaços protegidos por lei.
O principal objetivo da CPE é construir um diagnóstico preciso sobre as unidades de conservação de Florianópolis, identificando omissões, lacunas e dificuldades, especialmente no que diz respeito à delimitação dessas áreas em terrenos de propriedade privada. A comissão também busca compreender os riscos regulatórios, fiscais, orçamentários e sociais decorrentes da falta de segurança jurídica nesses territórios.

Entre os principais pontos debatidos esteve o risco de contencioso judicial, já que diversas UCs foram sobrepostas a imóveis particulares, provocando conflitos entre a legislação ambiental e o direito à propriedade. A judicialização desses casos pode resultar em longas disputas judiciais, afetando tanto os proprietários quanto a gestão pública.

Atualmente, Florianópolis conta com 11 unidades de conservação municipais sob responsabilidade da Fundação Municipal do Meio Ambiente (FLORAM). A FLORAM é o órgão executivo ambiental da Prefeitura, encarregado de implementar políticas de proteção ambiental, fiscalização, licenciamento e gestão de áreas protegidas no município. Essas UCs estão divididas entre parques naturais e monumentos naturais, e têm como finalidade preservar ecossistemas de relevante importância ecológica, bem como proteger sítios naturais raros ou singulares. Juntas, essas áreas representam cerca de 33% do território da capital.

Para garantir a gestão adequada das unidades de conservação, a elaboração de um plano de manejo é essencial, pois ele estabelece diretrizes para o uso sustentável das UCs, protegendo a biodiversidade, promovendo a conservação ambiental e organizando o território.

Durante a audiência, a bióloga Mariana Furlan, da FLORAM, destacou que os planos de manejo são fundamentais para a gestão eficiente dessas áreas. Ela informou que sete planos já foram finalizados tecnicamente até junho de 2023 e estão prontos para publicação, com exceção do plano da Lagoa do Peri, que já foi publicado em outubro. Outros três planos estão em fase final de elaboração e devem ser submetidos aos conselhos consultivos em breve.

Segundo a bióloga, os planos foram desenvolvidos por empresas especializadas, contratadas pela Prefeitura, com acompanhamento técnico da FLORAM ao longo dos últimos três anos. “O diálogo com a sociedade, como o que ocorreu durante a audiência pública, é essencial para alcançar soluções equilibradas entre a conservação ambiental e os direitos individuais dos proprietários”, disse.

O secretário municipal de Meio Ambiente, Alexandre Waltrick Rates, afirmou que o principal papel da secretaria é evitar conflitos jurídicos e financeiros que possam prejudicar o município e as Unidades de Preservação. Ele defendeu a publicação imediata dos planos de manejo já concluídos como uma forma de garantir segurança jurídica tanto para o poder público quanto para a população. “Nosso objetivo é construir soluções que tragam equilíbrio entre a conservação ambiental e os direitos dos cidadãos impactados pelas UCs”, afirmou. O secretário também se mostrou aberto a ajustes nos planos, desde que fundamentados no diálogo com a sociedade civil.

Encerrando a audiência, o vereador Rafinha (PSD), proponente da CPE, avaliou positivamente o encontro. “O objetivo era justamente levantar questões que ainda não estavam no nosso radar e dar voz à sociedade”, afirmou. Ele destacou que, apesar das opiniões divergentes, ficou claro para os vereadores da comissão que é necessário equilíbrio na condução do tema. “As UCs são fundamentais para a cidade, mas precisamos encontrar formas de compatibilizar isso com a questão fiscal, a propriedade privada e a preservação ambiental”, disse.

Entre os próximos passos da comissão, o vereador informou que haverá uma reunião técnica com a FLORAM e os demais vereadores interessados, na qual será feita uma apresentação detalhada de cada unidade de conservação e seus respectivos planos de manejo.

A partir disso, será elaborado um plano de trabalho com visitas in loco e, se necessário, novas audiências públicas específicas para cada UCs. A comissão também notificou o Executivo para que se abstenha de publicar novos atos relacionados às unidades de conservação sem a ciência da CPE. Serão ainda criados grupos técnicos para tratar de temas como planos de manejo, delimitação das áreas protegidas (poligonais) e regularização fundiária.
“O nosso compromisso é construir soluções concretas e equilibradas para a cidade”, concluiu o parlamentar.

A Comissão Parlamentar Especial para Tratar das Unidades de Conservação é composta pelos seguintes vereadores:

Adrianinho (REPUBLICANOS)
Claudinei Marques (REPUBLICANOS)
João Padilha (PL)
Rafinha (PSD)
Ingrid Sateré Mawé (PSOL)

Posts relacionados

Summit Cidades 2025 reunirá 500 palestrantes em 11 experiências simultâneas na próxima semana

Redação

Chega ao fim a greve dos ônibus em Florianópolis

Redação

Vice-prefeita consegue sair de Israel

Redação