O PT realizou no domingo o segundo turno das eleições internas para escolha de seu novo presidente em Santa Catarina. Fabiano da Luz será o sucessor de Décio Lima – e contou com o apoio direto dele.
Fabiano é da mesma corrente petista, liderada por Lula da Silva, José Dirceu e companhia limitada. Mas a eleição expõe um quadro que o PT insiste em não enxergar: rachadura interna e desmobilização da militância.
Foi por pouco
Fabiano venceu Luciane Carminatti por uma diferença inferior a 400 votos. Ou seja: um partido dividido ao meio. Décio Lima não tem o controle absoluto que imaginava sobre o futuro da sigla no Estado. A base está fragmentada.
Décio e o poder do Sebrae
Vale lembrar que Décio Lima preside o Sebrae Nacional, com orçamento bilionário, na casa dos cinco a seis bilhões de reais. Recursos que superam metade dos ministérios de Brasília. Mesmo assim, a força política dele na eleição direta petista não se traduziu em mobilização.
Histórico que pesa
Décio foi ao segundo turno em 2022, mas tomou uma surra: fez menos de 30% dos votos contra Jorginho Mello, que cravou quase 73%. Chegou lá porque a direita lançou cinco candidatos, e ele passou Moisés por uma diferença de menos de 20 mil votos. Não foi mérito próprio, foi fragmentação adversária.
Quórum vexatório
Outro dado: a participação na eleição direta. Apenas pouco menos de oito mil filiados foram às urnas. E olha que o partido tem mais de 60 mil filiados em dia com suas obrigações. Ou seja, pouco mais de 10% se interessou pelo destino da sigla. Desmobilização total.
Três sinais claros
O recado é cristalino:
1. Partido rachado.
2. Partido desmobilizado.
3. Partido sem perspectivas eleitorais em 2026.
O desempenho municipal em 2024 fala por si: sete prefeituras em 295 cidades catarinenses, quase todas em municípios pequenos. Elegeu quatro deputados estaduais (os mesmos que já estavam lá) e dois federais. Apenas seis parlamentares e sete prefeitos: treze, número que parece ter virado ironia.
Oposição dividida
Essa fraqueza já está empurrando aliados históricos para longe. O PSOL lançou Afrânio Bopré ao governo. O PDT deve seguir caminho próprio. E ainda há outras legendas da esquerda que tendem a fazer o mesmo. A esquerda catarinense, em frangalhos, deve ter no mínimo três candidatos em 2026 – e nenhum deles com chance real de chegar ao segundo turno.
Desgaste nacional
Tudo isso num cenário em que o governo Lula da Silva patina. O país está sem rumo: inflação alta, desemprego, queda do poder aquisitivo. Em vez de corrigir a rota, Lula resolve bater de frente com Donald Trump e os EUA, dando um tiro no pé diplomático e econômico.
Bolso e barriga
No fim, não vai adiantar discurso nacionalista. Em 2026, a eleição vai girar em torno de duas letras: B ao quadrado – barriga e bolso. E Lula terá que explicar como conseguiu deixar o país sem dinheiro, inclusive para bancar programas sociais como o Bolsa Família.
À beira do abismo
O governo Lula é um desastre em todas as áreas. E o retorno desse desastre virá das urnas. Aqui em Santa Catarina, o PT segue em queda livre. E a eleição interna de ontem apenas escancarou essa realidade.