Blog do Prisco
Manchete

A eleição e as eleições no contexto do impeachment

Nesta terça-feira, a sessão da Assembleia Legislativa marca a primeira das 10 que compõem o prazo estabelecido para que Moisés da Silva, Daniela Reinehr e Jorge Tasca (Sec. de Administração) apresentem suas contrarrazões à acusação de crime de responsabilidade que embasa o pedido de impeachment.

As estratégias de defesa ainda não estão claras. Por exemplo, haverá demandas judiciais antes mesmo das argumentações dos acusados serem entregues ao Legislativo? A defesa vai acelerar e entregar o material antes do prazo de 10 sessões? Ou aguardará até o limite do que foi determinado? Neste caso, poderia o governador ter mais tempo para sensibilizar parlamentares de que a cassação da chapa vencedora em 2018 poderá desaguar numa eleição indireta se ela se efetivar a partir de janeiro de 2021.

Daí sairíamos de mais de 5 milhões de eleitores para apenas 40 deputados aptos a escolherem o novo comandante da nau catarinense.

 

Biônico

 

Em 2020, voltarmos a falar em govenador biônico é um retrocesso. No regime militar, tivemos três eleitos pela Assembleia Legislativa. Aqui em Santa Catarina, foram indicados Colombo Salles – que foi um dos melhores governadores da história, juntamente com Celso Ramos, eleito pelo voto direto em 1960 -; e aí outros dois que representavam a clássica oligarquia estadual: Antônio Carlos Konder Reis e seu primo, que o sucedeu, Jorge Konder Bornhausen.

Não há mais clima nem espaço para este tipo de encaminhamento.

 

Colegiado

 

Ainda nesta semana, a Alesc deve escolher os nove deputados que vão apreciar a representação contra Moisés, Daniela e Tasca na primeira fase do processo. E certamente a peça irá ao plenário, onde pode chegar em meados de setembro. Daí os acusados terão de contar com pelo menos 14 deputados para barrar o impedimento. Já seus adversários terão que assegurar 27 votos para afastar os três por 180 dias até a análise final do impeachment.

 

Imprevisível

 

É impossível cravar qualquer prognóstico hoje. Moisés da Silva está se movimentando, articulando e liberando efetivamente emendas parlamentares em profusão. E até conversou com seu adversário do segundo turno em 2018, o ex-deputado Gelson Merisio (PSDB).

 

Cavalo de pau

 

Numa clara mudança de rota, o governador vem sinalizando que pode abrir espaços no colegiado para deputados. Inclusive para a Casa Civil (cargo vago desde o desembarque de Amandio da Silva Junior), onde um progressista poderá assumir. Para contrariedade total e absoluta de Esperidião Amin. Aliás, dos três parlamentares do PP na Alesc, apenas o filho do senador, João Amin, não está alinhado ao Centro Administrativo. Zé Milton e Altair Silva estão bem próximos de Moisés.

 

Quadro extremo

 

Um componente no quadro atual. O Procurador-Geral de Justiça, Fernando Comin, deu um aperto no governo porque a crise política estabelecida não pode servir de álibi para o enfraquecimento no combate ao Covid19. Tanto é assim que ontem a Comissão Especial da Assembleia para a pandemia iria reunir novamente prefeitos, lideranças e o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro. Ele já alertou que até o fim do mês, os óbitos podem  triplicar no território catarinense. E a deputada Ada de Luca trouxe outro dado digno de preocupação: 42% das mortes por coronavírus em Santa Catarina foram registradas nos últimos 15 dias.

foto>Secom, arquivo, divulgação