Blog do Prisco
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Catarinenses querem correção de erro histórico

Principais lideranças de Santa Catarina se reúnem às 10h de segunda-feira, 09/12, na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC) para implementar ações que assegurem a correção do grave erro histórico cometido contra Santa Catarina pelo Congresso Nacional e a Presidência da República, com a aprovação e sanção da lei federal nº. 13.617/2018.

Juntamente com o Governo do Estado, confirmaram participação representações do Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Ministério Público e personalidades, como o senador Esperidião Amin, o ex-governador Casildo Maldaner e o presidente do IHGSC, doutor Augusto César Zeferino.

Também lideranças do Vale do Rio Tijucas, sede da pioneira Colônia Nova Itália, como o Prefeito de São João Batista, Daniel Netto Cândido, e o presidente da Associação dos Descendentes e Amigos do Núcleo Pioneiro da Colonização Italiana no Brasil (ADANPIB), o memorialista e agricultor José Sardo, o Saulo, participarão do encontro, organizado pelo Movimento Santa Catarina Requer a Correção do Erro Histórico.

Líder do Movimento, o historiador Paulo Vendelino Kons destaca o duplo objetivo da reunião: “o desencadeamento de ações administrativas, políticas e medidas jurídicas para corrigir o erro histórico e a organização de visita às comunidades italianas originárias de nossos imigrantes pioneiros, em vista, também, da celebração do Bicentenário da Imigração Italiana no Brasil”.

O historiador esclarece que a reunião é aberta a participação de todos os interessados em “trabalhar pela correção do erro histórico e de organizar a celebração do Bicentenário da Imigração Italiana no Brasil.”

Sobre o Movimento, Kons declara que “somos catarinenses que buscam a prevalência da verdade histórica, o respeito pela memória de Santa Catarina e pugnamos para que a Colônia Nova Itália, fundada em 1836 no Vale do Rio Tijucas-grande, seja reconhecida por lei federal como o Berço da Imigração Italiana no Brasil, o que é seu por direito.”

“Assim buscamos a correção do erro que está contido na lei federal nº. 13.617/2018, sancionada pelo presidente da República em 11 de janeiro de 2018 e publicada no Diário Oficial da União de 12 de janeiro do ano passado, que atribui, equivocadamente, ao município de Santa Teresa, no Espírito Santo, o título de “Pioneiro da Imigração Italiana no Brasil”, que de fato pertence à Colônia Nova Itália, no município de São João Batista, em Santa Catarina.”, finaliza Kons.

 

Erro histórico

Com o lema “Non si può negare la storia, la vera storia!” (Não se pode negar a história, a verdadeira história), o movimento “SC Requer a Correção do Erro Histórico” teve seu início em 12 de janeiro de 2018, data em que o Diário Oficial da União (DOU) publicou a lei federal nº. 13.617/2018, sancionada pelo então presidente Michel Temer no dia anterior.

Após a leitura da lei, o historiador Paulo Vendelino Kons, que residiu na Colônia Nova Itália, publicou uma Nota Técnica, na qual informa que “o Congresso Nacional e o presidente Michel Temer atribuíram, equivocadamente, ao município de Santa Teresa, no Espírito Santo, o título de “Pioneiro da Imigração Italiana no Brasil”, que de fato pertence à Colônia Nova Itália, no município de São João Batista, Santa Catarina.

O pioneirismo catarinense na imigração italiana na Brasil é fato histórico incontroverso. Cito apenas um dos historiadores brasileiros sem vínculo com Santa Catarina: “O estado de Santa Catarina foi pioneiro em fato de colonização italiana. Já em 1836 o suíço Enrico Shutel, agente consular do rei da Sardenha, fazia chegar ao Brasil 180 imigrantes sardos que no dizer de Lucas Boiteux eram indivíduos de constituição robusta, alegres, corajosos, exaltados em suas paixões. Shutel e o inglês Carlos Demaria tinham conseguido do governo provincial uma concessão de mil braças, ainda não demarcada e em caráter provisório, à margem do rio Tijucas Grande nas imediações de São João Batista, então pertencente ao município de São Miguel, onde fundaram a colônia Nova Itália” (CENNI, Franco. Italianos no Brasil: “Andiamo in ‘Merica… 3ª edição. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003, p.183-4).

Fundada em 1836 no Vale do Rio Tijucas-grande, a Colônia Nova Itália, no atual município de São João Batista é, inequivocamente, o Berço da Imigração Italiana no Brasil.

Os 186 pioneiros imigrantes italianos, provenientes do Reino da Sardenha ((precursor do Reino de Itália: o rei de Sardenha tornou-se o rei da Itália), que viriam colonizar e desenvolver terras brasileiras, aportaram em março de 1836, na baía norte da Ilha de Santa Catarina, no porto de Nossa Senhora do Desterro, transportados pelo navio Correio.

E 132 destes imigrantes católicos fundaram a Colônia Nova Itália, a pioneira da imigração italiana no Brasil, que ao longo de décadas recebeu também outras levas de imigrantes italianos.

A iniciativa de criação e instalação da Colônia Nova Itália foi do médico e violinista Henrique Ambauer Schutel“natural de Milão, agente consular do rei de Sardenha” (Walter Fernando PIAZZA, Colonização Italiana em Santa Catarina, pág. 35) e detentor da cidadania suíça, e de Carlo Demaria“cidadão inglês” (por ter nascido em Gibraltar, possessão inglesa) “com raízes em Gênova”, armador. Em 1835, ambos “constituem a empresa Demaria & Schutel, Sociedade particular de colonização” (SACHET, Celestino et SACHET, Sérgio. Santa Catarina – 100 Anos de História. Florianópolis, Século Catarinense, 1997, pág. 118).

Pai de José Boiteux e patriarca da família Boiteux no Brasil, o tenente-coronel Henrique Carlos Boiteux nasceu em 11 de fevereiro de 1838 na Colônia Nova Itália. Era filho do primeiro administrador daquela Colônia, o comerciante suíço-francês Luc (Lucas) Montandon Boiteux (Neuchâtel, Suíça, 1798 – Desterro/SC, 29 de março de 1842) e sua esposa Marie Magdaleine Anastasie.

Já a colonização italiana no Espírito Santo iniciou 37 anos e 11 meses após, a partir de 21 de fevereiro de 1874, quando o navio La Sofia chegou ao porto de Vitória, com 388 camponeses de língua italiana do império austro-húngaro e vênetos”, finaliza a Nota Técnica do historiador Kons.

SERVIÇO

O quê: Reunião do Movimento “SC Requer a Correção do Erro Histórico

Quem: Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina – IHGSC, professor doutor Augusto César Zeferino, senador e ex-governador Esperidião Amin, emérito senador e governador Casildo Maldaner, Dr. Alexandre Estefani – Subprocurador-geral de Justiça de Santa Catarina para Assuntos Institucionais, Governo do Estado, Desembargador Carlos Alberto Civinski – Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Procurador de Justiça Gilberto Callado de Oliveira – Ministério Público, ACL e IHGSC, Emérito Procurador-Geral de Justiça José Galvani Alberton, Prefeito Municipal de São João Batista Daniel Netto Cândido,  lideranças da Associação dos Descendentes e Amigos do Núcleo Pioneiro da Imigração Italiana no Brasil – ADANPIB e o consultor Herbert Gotthard Ludwig Edgar Pastor.

Quando: 09 de dezembro de 2019, às 10h, pontualmente

Onde: Auditório da Casa José Boiteux – sede do IHGSC e da ACL (Avenida Hercílio Luz, nº. 523 – Centro – Florianópolis/SC)

Contato: 47 9 9997 9581 – [email protected]