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Cenário fiscal pressiona juros e afetará crescimento em 2025, diz FIESC

Gastos do governo elevam pressão sobre a taxa Selic, o que deve prejudicar a economia no próximo ano; Qualificação da força de trabalho e falta de mão-de-obra também preocupam a FIESC

O equilíbrio fiscal segue como principal preocupação do setor industrial para o próximo ano. Isso porque o pacote de corte de gastos apresentado recentemente pelo governo federal não deve ser capaz de equilibrar as contas públicas, o que pressionará a taxa básica de juros. Após um ano em que a indústria de SC cresceu impulsionada pelos reflexos da queda da taxa de juros promovida até maio de 2024, o cenário para 2025 é menos favorável. A avaliação foi feita pelo presidente da Federação das Indústrias de SC (FIESC), Mario Cezar de Aguiar, durante o balanço econômico da entidade, nesta terça-feira (10).

fotos>Fiesc, divulgação

 

“Em 2025 vamos começar a sentir os impactos do ciclo de alta da Selic, com efeitos negativos para os setores que dependem de crédito, justamente os que vinham puxando para cima o desempenho da indústria catarinense”, explica. A expectativa é que o movimento de alta dos juros afete também o consumo, numa tentativa de frear a inflação. “Embora diversificada, a indústria catarinense tende a ter um desempenho menos robusto do que em 2024, dada a expectativa de retração no crédito e no consumo”.

Em 2025 a perspectiva é de um cenário externo ainda mais desafiador, com o aumento dos conflitos no Oriente Médio e a situação na Ucrânia ainda afetando o ambiente geopolítico. Soma-se a isso uma conjuntura complexa para o comércio internacional, com China e Estados Unidos lançando mão de políticas protecionistas. “SC até poderá se beneficiar, mas ainda é cedo para avaliar quais as efetivas oportunidades para as indústrias do estado”, avalia.

 

Força de trabalho x Bolsa Família
A escassez de trabalhadores e a necessidade de qualificar a força de trabalho também são preocupações da indústria para 2025 em Santa Catarina, conforme pesquisa com industriais catarinenses, já que o estado vive uma situação de pleno emprego. No acumulado do ano até outubro houve um aumento de 6,5% no estoque de empregos da indústria de SC.
Dados do IBGE mostram que o estado tem a terceira menor taxa de desocupação do país, de 2,8% (dados do terceiro trimestre).
“Situação já rotineira, a dificuldade em preencher vagas e atrair os jovens para o trabalho na indústria é um dos principais gargalos para o crescimento. Esse cenário, especialmente em nível nacional, exige que o programa Bolsa Família seja aprimorado, pois já afeta o mercado de trabalho”, destaca Aguiar.

“Embora seja uma iniciativa importante de enfrentamento à pobreza, ela precisa ser aperfeiçoada, pois desestimula a busca por emprego e incentiva a informalidade. Vivemos um paradoxo: enquanto 20 milhões de famílias brasileiras recebem o benefício, empresas têm dificuldade para contratar trabalhadores”, argumenta Aguiar.

Nesse sentido, a Federação enviou à bancada federal catarinense manifestação em que propõe mudanças no programa. A lógica é buscar um modelo para incentivar o trabalho, ajudando beneficiários a desenvolver habilidades, aumentar a renda e sair da pobreza de forma sustentável. Isso também reduziria os custos do programa, liberando recursos para impulsionar a produtividade da economia. “O sucesso do programa deve ser medido pela rapidez com que os beneficiários se tornam independentes, e não pelo aumento no número de atendidos. Trabalho e estudo são essenciais para o sucesso de pessoas, empresas e países”, resume Aguiar.

Estudo da Confederação Nacional da Indústria mostrou que para atender a demanda da indústria de Santa Catarina nos próximos três anos, será necessário qualificar 953,4 mil trabalhadores. Destes, 151,1 mil trabalhadores precisarão de uma nova formação para atender o ritmo de criação de empregos e a reposição de pessoas que deixarão o mercado de trabalho formal. Outros 802,3 mil trabalhadores precisarão de treinamento e desenvolvimento para atualizarem suas competências.

 

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