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Chamado de ‘filho 06’ de Bolsonaro, secretário da Pesca tem salário inflado por jetons

O secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, é chamado de “filho adotivo” ou “06” por Jair Bolsonaro, tamanha a proximidade do auxiliar com o presidente. Filho de um empresário catarinense do ramo da pesca, ele tem presença cativa nas lives de Bolsonaro — ainda que faça apenas figuração na maioria das vezes. A afinidade de Seif com o chefe lhe rendeu um belo reforço no contracheque: graças à nomeação para conselhos de três estatais, o secretário conseguiu inflar o salário em quase 60%.

As vagas em conselhos de empresas estatais preveem o pagamento de jetons para além dos vencimentos e, por isso, são cobiçadíssimas pelo políticos. Seif, que acaba de se filiar ao PL do senador Jorginho Mello,  integra os conselhos das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias.

Somados, os extras somam 9,9 mil reais, e elevam em 58% o salário bruto de 16,9 mil reais de Jorge Seif. Detalhe: para ganhar os jetons, ele só precisa participar de reuniões que ocorrem, em geral, uma vez por mês.

O secretário da Pesca fez parte do grupo de auxiliares próximos do presidente que usaram as redes sociais para tentar justificar o recuo de Bolsonaro nos ataques ao Supremo Tribunal Federal. “Presidente, confio no senhor. Sigo com o senhor. O senhor ama essa pátria e sabe o que é melhor para o Brasil. Avante”, escreveu Seif nas redes sociais, após a divulgação da carta em que Bolsonaro admite ter se excedido nos atos do Sete de Setembro.

Existem hoje 202 estatais federais, das quais 46 são de controle direto da União. Como as privatizações prometidas pelo governo não avançaram, as empresas seguem como cabides de emprego do Palácio do Planalto e do Congresso. A legislação prevê a indicação de representantes da União para os conselhos fiscais e de administração das empresas públicas, mas não estabelece a necessidade de pagamento de remuneração. O governo, é claro, faz questão de aproveitar a brecha legal para fazer agrados aos aliados.

foto>Sérgio Lima, Poder 360, divulgação