Blog do Prisco
Manchete

Estudo aponta queda de até 33% na produção de leis em Santa Catarina em ano eleitoral

Dados analisam o histórico de proposições dos últimos 14 anos na Assembleia Legislativa e traz comparativos quanto a apresentação de propostas por Parlamentares e pelo Executivo

O mês de fevereiro marca o retorno oficial das atividades parlamentares na ALESC – Assembleia Legislativa Catarinense. E 2022, ano de eleição de representantes do Legislativo e Executivo Estadual e Federal, tende a ser mais um ano de redução no número de propostas legislativas analisadas pela Assembleia. Um estudo recente comprovou que, nos últimos 14 anos, a produção de leis no Estado registrou queda média de 33,2% em anos de eleições (gerais e municipais).

O levantamento, realizado pela empresa Integra Relações Institucionais e Governamentais, de Florianópolis (SC), foi divulgado no dia 10 de fevereiro e analisou dados correspondentes o período de 2007 a 2021, publicados no site do órgão legislativo estadual. O estudo contabilizou as propostas que, ao serem aprovadas, viram leis. Atividades como ofícios, requerimentos, indicações e afins não fizeram parte da análise.

“Observamos que em anos eleitorais o ímpeto legislativo cai em mais de um terço. A variação média de proposições legislativas apresentadas nos anos eleitorais foi 33,2% inferior aos anos não eleitorais. Estes dados comprovam o quanto as atenções públicas são modificadas em anos com processo eleitoral”, conta Edgard Usuy.

Além dos Deputados Estaduais, os Presidentes dos Tribunais de Justiça e de Contas, o Procurador-Geral de Justiça, o Defensor Público-Geral, os cidadãos e o Governador do Estado também podem elaborar propostas legislativas. Com relação a distribuição das proposições feitas na Assembleia no período analisado, a pesquisa mostrou que o Legislativo foi responsável por 74,4%, o Executivo por 21,9%, o Judiciário com 2,3% e demais com 1%.

Deputados catarinenses propõem menos leis ou alterações também em anos de eleições municipais

O estudo aponta queda de 27,6% na produção legislativa dos Deputados Estaduais em anos de eleições gerais, quando são eleitos os representantes do Legislativo e Executivo Estadual e Federal. Todavia, a redução da quantidade de propostas apresentadas pelos parlamentares catarinenses também é registrada em anos de eleições municipais.

“No ano em que são escolhidos prefeitos e vereadores, o número de propostas legislativas feitas pelos Deputados Estaduais cai uma média de 25,2%. O que nos leva a perceber que, independentemente do tipo de eleição que acontece, a dinâmica parlamentar é alterada”, destacou Edgard.

Poder executivo também reduz propostas em anos eleitorais

Ao analisar o volume de propostas de autoria do poder executivo, apresentadas nos anos eleitorais, o estudo mostra que a queda é ainda mais acentuada. A redução média, neste caso, é de 52%. Em anos de eleições gerais a queda é de 53,6%, enquanto em anos de eleições municipais é de 50,8%.

Sobre a efetividade das propostas

Um outro indicador, que também apareceu no levantamento da Integra Relações Institucionais e Governamentais, foi quanto ao índice de efetividade das proposições em se tornarem normas. Em outras palavras, a relação entre o que foi apresentado na Assembleia e o que realmente foi publicado nos Diário Oficial. O estudo revelou que, no período entre 2007 e 2014, foram criadas uma média de 341,4 leis estaduais a cada ano.

Nestes 14 anos, 5.122 leis foram publicadas em Santa Catarina. Destas, 1.383 (25,4%) foram apresentadas pelo Executivo e 3.739 (74,5%) pelo Legislativo. O ano de 2009 liderou com 527 leis publicadas, enquanto 2020 registrou o menor número de publicações do período, 248. O número de leis aprovadas em anos eleitorais também apresentou uma média de 23,1% abaixo dos anos em que não há eleições.

Aprovação versus ano eleitoral

A pesquisa revelou que ao comparar os anos eleitorais, entre 2007 e 2021 aos anos imediatamente anteriores, os projetos de origem parlamentar tiveram um índice de aprovação positivo, quase linear, com uma média de 25,7%, excetuando 2020 em que o índice ficou negativo em 4%.

A mesma comparação foi feita com relação aos projetos de autoria do Poder Executivo. O resultado mostra, neste caso, uma variação maior. Foram registrados índices negativos nos anos de 2010 (-35,5%), 2012 (-9,25%), 2014 (-12,24%) e 2018 (-21,23%). Índices positivos aconteceram nos anos de 2008 (43,9%), 2016 (18,34%) e 2020 (destoantes 162,4%).

“Esses dados chamaram a atenção na pesquisa, porque revelam que a conversão de ideia em norma não sofre tanta influência pelos períodos eleitorais como a quantidade de apresentação de propostas legislativas. A aprovação das propostas legislativas, pelo processo legislativo e pelo sistema de sanção ou veto, são resultado também de outras variáveis que compõem a dinâmica do sistema político brasileiro”, conclui Edgar.

Posts relacionados

Festival Literário de Santa Catarina será lançado na ALESC, em Florianópolis

Redação

CDL Florianópolis inaugura novo espaço de atendimento no Mercado Público

Redação

Projeto que amplia desembargadores e estrutura do TJSC: sem a relatoria do deputado Ivan Naatz na Alesc

Redação