Blog do Prisco
Manchete

Ninguém sabe, ninguém viu

Foram 10h de depoimentos dos três principais investigados no caso dos Respiradores durante sessão da CPI que está em curso na Assembleia. Depuseram os ex-secretários Douglas Borba e Helton Zeferino; e a funcionária de carreira da Saúde estadual, Márcia Pauli.
Foi um verdadeiro festival de entrega-entrega. A CPI encerrou sua sessão mais aguardada, às 4h da manhã de quarta-feira. Os dois ex-titulares do colegiado se entregaram mutuamente e responsabilizaram, de quebra, a funcionária de menor escalão. Ela, por sua vez, deixou muito claro que o negócio foi fechado por ordem e responsabilidade de Helton Zeferino.
E que quem estava defendendo e indicou a Veigamed, segundo Márcia Paulli, era Douglas Borba.
Curioso é que os três reconheceram que houve fraude. Mas nenhum deles, evidentemente, se responsabiliza pela escandalosa compra. Só faltou dizerem que a responsabilidade é do mordomo. Os três, obviamente, tem responsabilidades. Diferentes, mas tem.

Suspeito número 1
No caso de Borba, há vários relatos, fartos, demonstrando sim que ele trabalhava fortemente por essa empresa da baixada fluminense e que teve envolvimento não só no caso dos respiradores, mas também no hospital de campanha, na compra de equipamentos de proteção individual e por aí vai. Então, não venham posar de inocentes.

Arquitetura
Alto lá. O ex-chefe da Casa Civil  é quem estaria por trás de tudo, arquitetando e esquematizando a contração sem licitação, com pagamento antecipado e sem garantias em favor da Veigamed.
Já o ex-secretário da Saúde tem responsabilidade sim, como ordenador primário da despesa e a própria Márcia também, sob o aspecto administrativo. Ela poderia, perfeitamente, ter se recusado a efetivar a compra dos equipamentos, já que havia todas as indicações de que o negócio era, digamos, suspeito.

Sabe ou não?
Márcia Pauli falou algo importante no contexto da CPI e de todo o processo investigativo. Que o governador tinha conhecimento da negociação para a aquisição de 200 respiradores. Moisés da Silva teria tratado desse assunto numa live. A servidora também declarou que Borba falava em nome do Chefe do Executivo e do governo. Ele tinha carta branca ou estava usando de forma inadequada sua proximidade com Moisés para levar vantagens?

Mancha
É preciso tirar isso a limpo. A imagem do governo já está manchada por este episódio, pois levanta suspeitas sobre o governador. Que até agora não disse se sabia ou não dessa compra de respiradores.

Esclarecimento
Moisés da Silva precisa vir a público e se posicionar claramente. Ontem também foi dito, por Márcia e Borba, que um ou mais deputados intercediam em favor de empresas junto ao Centro Administrativo.

Amnésia
Curiosamente, pra não dizer outra coisa, eles não lembram o nome dos parlamentares. Ela até tudo bem, uma servidora de carreira, não teria essa obrigação. Mas o ex-chefe da Casa Civil?
Como articulador político do governo, ele tinha a missão primordial de interagir com os deputados estaduais. Que brincadeira é essa?

Nada disso
Entre as atribuições de um deputado não está interceder em favor de fornecedores, ainda mais com dispensa de licitação em momento de pandemia. Como assim?
Esse aspecto precisa ser aprofundado. Na medida em que os nomes dos deputados não aparecem, todos os 40 ficam sob suspeição. A própria Casa fica numa situação embaraçosa. Se isso ficar assim, a própria CPI corre o risco de perder totalmente a credibilidade.

foto> Fábio Queiroz, Ag. Alesc