Blog do Prisco
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Nossas rodovias precisam de atenção

O Brasil cresceu, Santa Catarina cresceu e o modal rodoviário ainda é o principal meio de transporte para escoar tudo o que produzimos. Mas nossas rodovias não acompanharam esse crescimento e desenvolvimento.

Um estudo feito pela Faepesul/Unisul, a pedido da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), tendo por base uma viagem de caminhão de Criciúma a Navegantes, através da BR-101, é um dos maiores exemplos dessa necessidade.

Os entraves e congestionamentos da BR-101 de Santa Catarina, entre esses municípios, são as principais razões para que o custo do transporte no Estado seja elevado em 30%. Em outras palavras, isso quer dizer que, a cada R$ 1 custeado na operação somam-se R$ 0,30 por quilômetro rodado.

O estudo mostrou que congestionamentos na BR-101 ocasionam uma média de velocidade de 39,79km/h. Em 115 dos 298 quilômetros estudados, que representam 28,60% do trajeto, o documento aponta que não se chega nem em 40 km/hora, enquanto os demais 183 km têm trechos com média de até 78 km/h.

Além disso, estas mesmas situações fazem com que o motorista leve até 9 horas para se deslocar de uma cidade à outra – do Sul ao Centro-Norte catarinense – trajeto que ele faria em cerca de 5 horas. Isso faz com que seja dobrada a quantidade de veículos neste trecho da rodovia e a jornada normal de trabalho (8 horas) extrapolada em apenas uma viagem (apenas de ida).

Estamos falando da BR-101, uma rodovia duplicada, mas que já superou sua capacidade de tráfego, exigindo novos investimentos para o mesmo trajeto.

Na BR-470 – onde a duplicação se arrasta a anos – esse mesmo estudo, aponta que entre Navegantes e Blumenau, a velocidade média de um caminhão fica em 29 Km/h. Já imaginaram o quanto isso impacta na saúde financeira das transportadoras e consequentemente no custo do frete?

O custo da mão-de-obra do motorista também é elevado para a transportadora em virtude destes entraves. A empresa acaba tendo o custo fixo dobrado com o motorista, valor que poderia ser revertido em benefícios e consequentemente de qualidade de vida para o colaborador.

Há trechos consideráveis em que a velocidade chega a ¼ da ideal e as transportadoras precisam de 2,66 vezes mais caminhões para transportar a mesma quantidade de produtos, intensificando os gargalos e congestionamentos.

Essa situação só será corrigida se houver uma política de governo em que os Estados tenham uma garantia de retorno da arrecadação em investimentos.

Em Santa Catarina, não só em rodovias federais, como em rodovias estaduais, tem se investido muito pouco. Nós defendemos que deveria haver um programa de retorno de investimentos em infraestrutura proporcional a arrecadação de cada Estado no Brasil.

Em SC, nós tivemos um período de 15 anos onde o governo pavimentou 377 km, com a média de 25 km por ano, então, diante da malha rodoviária.

Para se ter ideia, em 2020 o Estado enviou à Brasília R$ 69,8 bilhões em impostos. Apesar disso, os investimentos da esfera federal em infraestrutura no Estado somaram R$ 471 milhões, segundo dados da Fiesc.  

Infelizmente, essa carência de investimentos em infraestrutura não é um problema restrito à Santa Catarina. O Brasil investe em infraestrutura menos da metade do que é necessário, assim, o País tem uma defasagem de 20 a 40 anos no desenvolvimento do setor.

Investir em nossas rodovias é garantia de desenvolvimento para todas as regiões do Estado, além de segurança para os usuários e redução do custo do frete com o consequente barateamento dos produtos.

Essa é nossa bandeira.