Blog do Prisco
Manchete

O Governo e o Senado

Santa Catarina ainda se ressente pela perda de um de seus melhores quadros enquanto gestor, administrador, uma verdadeira reserva moral, Colombo Machado Salles.
Ele realizou uma administração inovadora, com o pé no acelerador graças ao seu programa catarinense de desenvolvimento.
Falando em ex-governadores, daqueles que foram eleitos, estão entre nós apenas quatro: Esperidião Amin, Raimundo Colombo, Paulo Afonso Vieira e Carlos Moisés. Jorge Bornhausen, por sua vez, foi eleito indiretamente pela Assembleia.
Normalmente, e não é apenas em SC, o governador acaba sendo eleito senador. O Senado é a Casa revisora, a Casa da federação, da representação dos estados. Ali se reúnem figuras experientes e conhecidas.
Passando em revista a história de Santa Catarina vemos essa clara relação entre Governo e Senado, Senado e Governo.  Vamos começar em 1947 quando Aderbal Ramos da Silva foi eleito governador. Ele não completou o mandato. José Boabaid, presidente da Alesc, o substitui na parte final do mandato.

Fico

Doutor Aderbal nunca quis sair de SC e nem concorrer a outro cargo, portanto não disputou a eleição senatorial. Irineu Bornhausen elege-se governador na sequência. Este veio a ser senador da República.

Tragédia

Em 1955, Irineu elegeu seu candidato ao governo, Jorge Lacerda, que não teve a oportunidade de disputar a Câmara Alta. Ele faleceu em um acidente aéreo em 1958. No mesmo voo estavam Nereu Ramos e o deputado Leoberto Leal. Heriberto Hulse completou o mandato, mas em 1960 o candidato ao governo foi Celso Ramos.

Troco

Dois anos antes ele havia perdido o Senado para Irineu Bornhausen e deu o troco, ganhando o governo. Em 1965 Ivo Silveira foi eleito. Celso Ramos, mais adiante, também se elegeu senador.

Onda Manda Brasa

O mandato de Silveira foi de 1966 a 1971. Em 1974, ele concorreu à Câmara Alta, mas foi derrotado pela onda do MDB, que elegeu senadores por todo o Brasil.

Alto lá

Foi por isso que Ernesto Geisel instituiu a figura do senador biônico na eleição de 1978, quando se renovaram dois terços do Senado. Foi um mecanismo criado para tentar reduzir o prejuízo acumulado em 74 e que só não foi maior porque o governo já saiu com 27 senadores naquele pleito. De SC, o nomeado foi Lenoir Vargas Ferreiras, que cumpriu seu segundo mandato. No primeiro havia sido eleito pelo voto popular.

Radialista

Ivo Silveira perdeu o Senado para Evelázio Vieira, o Lazinho, radialista que havia sido prefeito de Blumenau.

Ação

Depois, o governador foi Colombo Salles, mas quando ele deixou o Executivo não teve a oportunidade de concorrer porque em 1978 a Arena colocou dois deputados federais, Wilmar Dallagnol e Aroldo Carvalho, candidatos ao Senado. Não houve espaço para Colombo, que assumiu o governo para acabar com as oligarquias.

Reação

Em 1978, o governador era Antônio Carlos Konder Reis, representante das famílias tradicionais da política catarinense. Ele havia sido senador duas vezes antes de ser indicado pelo regime militar como governador eleito pela Alesc.

Em família

Foi sucedido também de forma indireta por Jorge Bornhausen, seu primo. Mas esse se elegeu senador duas vezes. Em 1982 e 1998. Em ambas as oportunidades, JKB pegou carona na popularidade de Esperidião Amin, que se elegeu governador nestes dois pleitos.

Sucessão

Na sequência, em 1986 na sucessão de Amin, Pedro Ivo Campos chegou ao governo. Ele foi derrotado para Bornhausen em 1982, mas não teve oportunidade de disputar o Senado. Morreu antes de completar o mandato e foi substituído por Casildo Maldaner, que se elegeu à Câmara Alta em 1994, mesmo ano em que Vilson Kleinübing também chegou lá. O ex-governador havia sucedido o próprio Maldaner no governo.

Deu a letra

Chegamos a 1994 com Paulo Afonso Vieira conquistando o cargo de governador. Terminou o mandato desgastadíssimo e só conseguiu um mandato de deputado federal, saindo da vida eleitoral depois disso.

A volta

1998 marcou o retorno de Amin ao governo que, assim como JKB, elegeu-se duas vezes ao Senado.

História

Luiz Henrique da Silveira foi o primeiro governador reeleito na sequência. Em 2010 chegou à Câmara Alta. Mas morreu no meio do mandato. Raimundo Colombo sucedeu LHS. Também foi reeleito. Foi senador antes de chegar ao Executivo estadual. Colombo tentou outras duas vezes voltar a Brasília. Mas sem sucesso.

Fora da curva

Moisés da Silva, antecessor de Jorginho Mello, não chegou ao segundo turno em 2022 e hoje é cotado para disputar a prefeitura de Tubarão, onde, aliás, terá enormes dificuldades na campanha.

Experiência

O atual governador, Jorginho Mello, também já passou pelo Senado. A esmagadora maioria dos governadores foram senadores.

foto> Da E para a D: Irineo Bornhausen, Colombo Salles, Atílio Fontana e Aderbal Ramos. No meio, a dobradinha que administrava o estado e nas duas pontas dois influentes ex-governadores representantes das famílias oligárquicas