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O Transporte Coletivo e o Coronavírus

Léo Mauro Xavier Filho
Empresário do setor de transporte coletivo de passageiros

Uma das frases que mais se ouve atualmente é: “passada a crise, nenhum setor da economia voltará a ser como era antes”. Indo um pouco mais além, pode-se dizer que, quando tudo voltar à normalidade, as empresas de transporte coletivo deverão reorganizar suas finanças, repactuar suas relações com o Poder Concedente, rever seus planos de negócio e, o mais importante, repensar seus modelos de gestão e de governança empresarial.

Em cumprimento ao Decreto do Governo Estadual as empresas operadoras do sistema de transporte coletivo de passageiros, em todo o Estado de Santa Catarina, paralisaram totalmente as suas atividades, instalando, no dia a dia dessas empresas, um verdadeiro caos, já que o sistema é financiado exclusivamente pelo pagamento das tarifas pelos usuários, provocando assim uma crise sem precedentes, pois o ponteiro do relógio de seus custos fixos continuaram rodando e, em contrapartida, nenhum tipo de receita entrou no caixa das empresas, para fazer frente a essas necessidades, provocando o acumulo de dívidas em grande volume.

Independentemente do esforço que cada empresa operadora vem buscando para mitigar muito desse problema, é fundamental que o Governo do Estado e as Prefeituras Municipais possam adotar, urgentemente, medidas que venham contribuir para solução de boa parte dessa situação de crise instalada.
Assim, se medidas não forem viabilizadas, repito, urgentemente, não haverá como impedir que várias empresas interrompam suas atividades e deixem de operar as linhas e de transportar passageiros, por absoluta falta de condições financeiras.

O transporte coletivo de passageiros é, por definição constitucional, essencial e estratégico e, também, por assim dizer, é o serviço público que viabiliza os demais serviços de utilidade pública, que tornam viável o funcionamento das cidades e o dia-a-dia das pessoas.

Portanto, não há como negar que a crise provocada pelo coronavírus foi o gatilho que faltava para despertar nas autoridades governamentais a real dimensão e a relevância do transporte coletivo de passageiros.