Blog do Prisco
Manchete

Os derrotados do impeachment

Desde meados do ano passado, Santa Catarina viveu dias turbulentos ao extremo no contexto político. Como já não bastassem todas as dificuldades impostas pela pandemia do vírus chinês.
Esta página nefasta da história foi virada na tarde desta sexta-feira, quando Moisés da Silva foi absolvido pelo Tribunal Especial de Julgamento do segundo impeachment.
Em menos de um ano, ele foi afastado duas vezes do cargo, dando lugar às gestões-relâmpago da vice-governadora, Daniela Reinehr. Além dos custos pecuniários originados pelos dois processos, o custo político e o desgaste para Santa Catarina foram brutais e imensuráveis.
Numa guerra, sempre há vencedores e vencidos. Moisés e seus apoiadores saem por cima. Numa tacada, o governador bateu a vice, o seu ex-oponente em 2018, Gelson Merisio; e o senador Jorginho Mello. Os três atuaram fortemente para degolar o governador.

Baixo nível

O grande desmoralizado ao final do segundo processo é o deputado estadual Laércio Schuster.
O parlamentar trocou o voto, tanto na admissibilidade do processo quanto agora na avaliação fatal por cargos na gestão interina de Daniela Reinehr.

Quinteto

Os cinco desembargadores não ficam atrás de Schuster. Conseguiram a proeza de desapontar a sociedade catarinense com seus votos políticos e em bloco. Os magistrados, apesar de alguns discursos mais empolados, mandaram os preceitos jurídicos às favas e votaram politicamente. Para tentar cassar ninguém mais ninguém menos do que o governador do Estado, eleito pelo voto direto em 2018.

Que decepção!

Postura decepcionante que pode guardar relação direta com outra eleição. A interna do Tribunal de Justiça de Santa Catarina marcada para dezembro.

Recado

Em linhas gerais, os cinco votos foram um recado claro ao presidente do tribunal, Ricardo Roesler, que não apoia o candidato que o grupo pretende ver na proa do Judiciário estadual.
Não obtiveram êxito em degolar Moisés, mas conseguiram decepcionar, ainda, os outros 88 desembargadores, colocando em xeque a credibilidade do Judiciário catarinense.

Pés pelas mãos

Em relação a Daniela Reinehr, ao fim e ao cano ela foi na onda do senador Jorginho Mello e especialmente do ex-deputado Gelson Merisio. Deu no que deu. Ela volta a ser vice, acumulando uma péssima pela postura inadvertida que assumiu nesta segunda interinidade, promovendo várias trocas de secretários, de outros cargos e tomando decisões que, de alguma maneira, poderiam influenciar no julgamento. O que, obviamente, não aconteceu.

Vida dura

Com vistas a 2022, Daniela deverá ser candidata a deputada. Federal ou estadual. Em qualquer dos casos, contudo, ela não terá vida fácil para conquistar o mandato.

Ninho espinhoso

Gelson Merisio tem outra questão que se aprofundou neste processo todo. Ele é cristão novo no PSDB. Chegou recentemente ao ninho. E foi na direção oposta ao deputado mais experiente do partido, Marcos Vieira, que já presidiu a sigla e é tucano de quatro costados. Como fica a situação de Merisio no partido daqui pra frente? Vida fácil ele não terá, isso é cristalino.

Fim de carreira

Por último, apesar de estar fora dos holofotes recentes, não se pode esquecer do deputado Júlio Garcia. Foi ele quem patrocinou a abertura de dois processos de impeachment no período de 15 dias em 2020, algo jamais visto na história. Conseguiu tumultuar todo o processo político e administrativo do estado em plena pandemia do coronavírus.

Lamentável

Acabou detido, afastado do mandato (restabelecido recentemente) e bem longe da presidência, de onde articulou os petardos que estremeceram o pilar político de Santa Catarina. Todos entram para a história estadual. Um e seus apoiadores como grande vencedor. Os demais, como derrotados e envergonhados.

Estrela ascendente

Todo esse tumulto jurídico e político teve o condão de dar luz à mais nova estrela do Direito catarinense. Trata-se do advogado Marcos Fey Probst, responsável pela defesa de Moisés da Silva nos dois processos de impedimento. Lutou contra forças titânicas e também sai de cabeça erguida diretamente para o estrelato no universo jurídico Barriga-Verde.