Blog do Prisco
Coluna do dia

Portas abertas

Deputado Gelson Merisio, pré-candidato do PSD ao governo em 2018, deu duas declarações importantes, e inteligentes, durante a convenção estadual do PP, na segunda-feira.

Além de declarar que a aliança que governa Santa Catarina atualmente (PSD-PMDB, com parte do PSDB) “acabou”, ele deixou claro que pode abrir mão da cabeça de chapa no caso de formalização de uma ampla composição e que venha realmente a contar com o PP.

Além de elegeram Esperdião Amin e Silvio Dreveck para comandar o partido (o ex-governador fica até janeiro do ano que vem e depois o presidente da Alesc assume), os pepistas aprovaram “moção de compromisso” para “encaminhar coligação para as eleições majoritárias de 2018 entre PSD e PP, e demais legendas que venha a integrar o projeto.”

Porção majoritária do PP já era favorável a este encaminhamento, mas com a divisão do mandato presidencial, preservando a unidade, Merisio sinalizou para Amin e deixou as portas abertas para o atrair ao projeto. O ex-governador, até segunda ordem, é inclinado a fechar aliança com o PSDB, em que pese a moção aprovada em convenção. No frigir dos ovos, a solução encontrada foi boa para todos os principais envolvidos: Amin, Dreveck e o próprio Merisio. Abrir um racha no casco da nau pepista agora seria o pior dos cenários.

 

Trajetória

Esperidião Amin, em que pese ter perdido musculatura dentro do partido, é figura emblemática na história da política Barriga-Verde. Foi governador aos 35 anos, vencendo a eleição na retomada do processo democrático brasileiro, lá em 1982 (ainda com o regime militar em vigência). Até 2002, somente havia perdido a eleição presidencial de 1994, projeto no qual se lançou na tentativa de eleger a esposa, Angela Amin, governadora. Fora essa incursão nacional, Esperidião Amin venceu todos os pleitos que disputou até 2002. Neste período, transformou-se na principal liderança de SC. Acabou suplantado por Luiz Henrique da Silveira justamente quando tentava o terceiro mandato de governador, em 2002.

Ao vencer a eleição, de forma surpreendente, Luiz Henrique da Silveira assumiu o posto de político mais influente do Estado. E assim permaneceu até sua morte, em maio de 2015.

Hoje, o status de grande líder político catarinense está com Raimundo Colombo.

 

Eleitorado cativo

Se não tem mais tanta força dentro do PP, pois teve que ceder na segunda-feira, ninguém em sã consciência pode desprezar o potencial de votos de Esperidião Amin. Tanto sob a perspectiva de seu partido, quando do ponto de vista das urnas. Ele ainda é um grande eleitor, além de ser um homem honrado.

 

Tripé

Gelson Merisio e o seu PSD agora tem dois partidos estratégicos alinhados (até aqui): PSB e o PP. Neste contexto, o PSDB terá que decidir o rumo. Se abraça este bloco (podendo até indicar o cabeça de chapa) ou busca acerto com o PMDB. O detalhe é que, salvo uma guinada de 180 graus, o Manda Brasa Barriga-Verde não está disposto a abrir mão do candidato a governador pela terceira eleição consecutiva.

 

Alternativas

Se os tucanos e o PMDB não acertarem os ponteiros em Santa Catarina, ao PMDB restará compor com partidos menores. A presença estratégica do deputado federal Décio Lima, presidente estadual do PT, na convenção do PP, deixa muito claro que os petistas não querem nem ouvir falar do PMDB.

 

No muro

Presidente estadual do PSDB, deputado Marcos Vieira, também prestigiou o evento dos pepistas. Manteve postura bem mais cautelosa em relação ao PP e ao próprio  PSD. Deixou a porta aberta sem formalizar ou sinalizar compromisso de aliança com o grupo de Merisio ou o de Amin.