Blog do Prisco
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Professor Pasold, uma saudade que fica

Georgino Melo e Silva

“Só uso a palavra para compor meus silêncios”, ensinou o grande poeta Manoel de Barros.
A morte inesperada do Professor César Luiz Pasold, no último dia 24 de abril, nos causou profunda comoção e deixou um gigantesco  vazio nas Letras jurídicas de Santa Catarina e do Brasil

Pablo Neruda, quando Silvestre Revueltas faleceu, expressou sua dor num verso e disse que sua sensação era de que um carvalho havia tombado no meio do tempo. Esse é o sentimento que nos invade quando perdemos um amigo tão  cheio de qualidades e virtudes e um jurista da estatura do Mestre Pasold, verdadeiro  patrimônio humano de Santa Catarina. O professor Cesar Luiz Pasold era um desses homens que não somente cultivava o gosto da convivência mas tinha uma personalidade de muitas faces, todas de grande expressão. A sua faceta de reconhecido educador, de professor, de conferencista, de homem atualizado com o seu tempo marcou inúmeras gerações. O seu saber de notável humanista ultrapassou as nossas fronteiras. Era um homem de estupenda inteligência, um cidadão exemplar e um expositor incomparável.

Eu fui agraciado com a distinção da amizade  do Professor Pasold.  A sua inspiradora trajetória existencial fez por merecer o destino sagrado, dando-lhe a melhor resposta e o mais profundo sentido, naquilo que Eça de Queiros soube explicitar com exatidão: “o  grande homem é aquele que pelo raciocínio atingiu uma maior soma de verdade, pela imaginação as maiores formas de beleza, pela ação os mais altos resultados.” E é magnífico que tenhamos guardado no sagrado cofre da alma, nos refolhos do sentimento, na intimidade do coração, o exemplo quase impensável, mas provado e real, de que a perfeição é possível neste planeta azul. Dentre todas as belas verdades, a maior delas é uma vida bela. E
sendo no dizer de Shakespeare, a grandeza um caminho para algo que não conhecemos, mas presenciamos, fica a certeza de que o nosso mestre foi dos raros. E,entre os poucos escolhidos, seu lugar está soberanamente marcado pelo orgulho de ter sido bom, pelo privilégio de ter sido justo.

O grande escritor maranhense Josué Montello dizia que a glória “é uma descoberta  da juventude que a maturidade deve um dia ratificar.” O professor Cesar Luiz Pasold é a prova disso, sua jornada é exemplo  e continua aberta a novas travessias e novos rumos.

O professor Pasold foi um semeador de esperanças e sonhos. Quem realiza um sonho, constrói uma parcela de sua própria eternidade.