Blog do Prisco
Coluna do dia

Articulação e reformas

Está suspenso o processo de investigação da denúncia contra Michel Temer, apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva. Por 263 votos favoráveis ao relatório que suspende a tramitação até que o presidente termine o mandato, e 227 contrários, a investigação fica em stand by até janeiro de 2019.

A tropa de choque de Temer esperava contar com cerca de 280 votos, mas o resultado final, próximo disso, é suficiente para manter a governabilidade e aprovar medidas provisórias e projetos de lei. Já para tocar as reformas constitucionais, tão necessárias para tirar o Brasil do abismo, o quadro se tornou mais complicado, embora não seja aconselhável duvidar da capacidade que o presidente tem de “convencer” o Congresso. Para aprovar as reformas da Previdência e a Tributária (esta ainda embrionária), são necessários no mínimo 308 votos.

A oposição, embora tenha feito muito barulho, não chegou nem perto dos 342 votos necessários para a aceitação da denúncia, o que afastaria Temer imediatamente por 180 dias. Foi uma vitória importante. O Planalto conquistou quase 100 votos a mais do precisa para barrar a denúncia.

 

Opostos

 Michel Temer segue no poder por ter enorme capacidade de articulação, bem diferente de sua antecessora, tão impopular quanto ele, e absolutamente incapaz de entender o cenário político e dialogar com os congressistas.

Registre-se, ainda, a condução do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Em determinado momento, chegou a se especular que ele estaria conspirando para derrubar Temer e assumir a presidência. A condução das sessões de quarta-feira foi favorável ao presidente, mas o clima entre Maia e alguns dos principais assessores presidenciais (Moreira Franco e Eliseu Padilha) está pra lá de ruim.

 

Arestas

Temer e Maia tinham previsão de reunião ontem. Se as arestas forem aparadas, o presidente pode sonhar em recuperar aquela base de apoio de mais de 350 votos, o que viabilizaria as reformas. Até porque, Rodrigo Maia é bastante focado no enxugamento da máquina pública, diminuição do custo público e do Estado e também defende as mudanças na previdência e no sistema de impostos.

 

Momento

A coluna acredita que, embora tenham faltado 45 votos para Michel Temer atingir os 308 que são exigidos para as reformas constitucionais, elas não estão mortas apesar do cenário continuar complicado. Temer não terá vida fácil. Mas é fato que ontem muito deputado jogou para a torcida em função da impopularidade de Temer. Com o apoio de Maia, talvez não seja tão complicado para o Planalto arregimentar votos suficientes à aprovação das mudanças no sistema previdenciário.

 

De SC

No contexto da bancada catarinense, a posição de Raimundo Colombo, declarando publicamente apoio à continuidade de Temer na presidência, foi decisiva para os votos dos três deputados federais do PSD que estavam indecisos: João Rodrigues, Cesar Souza e João Paulo Kleinübing. O trio votou com o presidente.

 

Correligionário e amigo

Do PMDB catarinense, havia duas incógnitas até o horário da votação: Mauro Mariani, presidente do partido no Estado e pré-candidato ao governo, e Rogério Peninha Mendonça, amigo de longa data do presidente. Os dois ajudaram a suspender a denúncia. Só não anunciaram antes para evitar desgaste antecipado.

 

Um a um

Por no fim, há o contraste no PSDB catarinense. Enquanto Marco Tebaldi apoiou o presidente, Geovania de Sá posicionou-se ao lado da oposição, votando pela continuidade do processo.