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É HORA DA RETOMADA

Luiz Vicente Suzin, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC).

Em quase dois anos de pandemia, a humanidade ainda aprende às duras penas como enfrentar a traiçoeira doença da covid-19 e, ainda, entender a incrível variedade de sequelas e efeitos colaterais que acometem grande parte dos infectados. A ciência e a medicina procuram respostas e as incertezas ainda são muitas. Uma das poucas certezas é que o novo coronavírus e suas variantes vieram para ficar e exigirão campanhas anuais de controle e combate como ocorre, há décadas, por exemplo, com a gripe.

         Compreender essa realidade é crucial para um movimento que a sociedade brasileira precisa colocar em marcha: a retomada. É imperativo vencer o imobilismo parcial que a pandemia impôs e retomar plenamente o curso de todas as atividades humanas em todos os setores da economia – sempre adotando o protocolo de prevenção à doença e proteção à saúde, já internalizado na conduta das pessoas.

         A retomada tem o apoio e o protagonismo das cooperativas, seja na oferta de bens e serviços, crédito e tecnologia ou nos programas próprios de expansão e investimento. As entidades empresariais e os organismos estatais identificaram – e os empresários e empreendedores confirmaram – a existência de milhares de projetos de investimentos definidos e estruturados para entrarem em execução. E o que é mais importante: esses projetos têm recursos assegurados, próprios ou contratados, para serem concretizados.

         Não é necessário esperar melhorar o ambiente de negócios nem esperar fortificar a taxa de confiança para executar esses projetos. A hora é aqui e agora. O empresário brasileiro provavelmente é o mais resiliente do planeta, pois foi temperado com certo grau de incertezas amalgamado pelas crises que ciclicamente surgem no cenário brasileiro.

         Os agentes econômicos já perceberam que os mercados estão pedindo novos investimentos no campo e na cidade, na indústria e no comércio, nos serviços e nas tecnologias, na infraestrutura e na planificação de programas de desenvolvimento regional integrados e sustentáveis. Em todas essas áreas há uma cooperativa a fomentar investimentos.

         No setor primário são milhares os projetos para expansão da base produtiva em pecuária, grãos, frutas, lácteos etc., envolvendo granjas, lavouras, genética e pequenas agroindústrias. Nas cidades, as indústrias e hospitais sentem a crescente e benéfica pressão da demanda. Escassez de mão de obra e a falta de matéria-prima revelam, em muitas regiões, como foi precipitada e mal planejada a interrupção ou diminuição da produção de insumos (especialmente o aço) e bens de consumo, no início da pandemia, quando sua dimensão e complexidade ainda eram desconhecidas.

         O investimento em infraestrutura é outra poderosa ferramenta para dinamizar a economia, combater o desemprego e interiorizar o desenvolvimento. Em face dos desajustes fiscais e da falta de fôlego do governo para investir, as parcerias público-privadas (PPP) surgem como alternativas capazes de colocar capitais privados a serviço da melhoria das condições da logística de transportes, comunicações, portos etc.

         Enfim, o Brasil deve retornar aos trilhos em busca do tempo perdido.