Blog do Prisco
Manchete

Expectativa em SC

A acareação entre os três principais investigados no caso dos respiradores é muito aguardada nos meios políticos e jurídicos do Estado. Os ex-secretários Douglas Borba e Helton Zeferino, e a servidora de carreira Márcia Pauli, estão no epicentro do escândalo.
A sessão está marcada para a próxima terça-feira e já vem dando o que falar. A proposta para realizar o encontro entre os três é do deputado João Amin, que queria já ter colocado o trio cara a cara. Isto acabou motivando um bate-boca entre ele e o relator da Comissão, deputado Ivan Naatz, que também é o proponente da investigação.
Como já havia agenda prevista, com o atual secretário da Saúde e um empresário, não foi possível encaminhar a acareação ontem, como desejava Amin. Além disso, Naatz tem um bom argumento.
Precisa de um pouco mais tempo para estudar o depoimento deles, objetivando encontrar inconsistências, contradições naquilo que disseram Borba, Zeferino e Márcia Pauli. No depoimento do  trio, esta semana, ficou escancarado o jogo de empurra. Um querendo colocar a culpa no outro.

Desnecessário
Este tipo de situação, de bate-boca entre os parlamentares, além de desagradável é desnecessária.
É fundamental que Naatz esteja preparado, pois a acareação pode elucidar muitas situações que estão ainda obscuras neste processo de compra dos equipamentos.

Consistência
Também podem reforçar o relatório final do próprio Naatz e que será submetido à apreciação da Comissão.
Não adianta simplesmente levar eles lá sem se aprofundar no que foi dito por eles na CPI e ao Gaeco, que também trabalha no caso.

Holofotes
Voltando ao bate-boca, é até compreensível. Ocorreu depois de 10h de sessão, com os deputados cansados, estressados. Mas é preciso tomar cuidado, sobretudo com estrelismos, aquela vontade de ganhar os holofotes.

Manter o foco
O grande objetivo do trabalho dos deputados é buscar esclarecimentos. Não adianta ficar de bravatas. Outro ponto importante, as testemunhas não precisam e nem devem ser tratadas como bandidos, como criminosos. Eles estão indo à CPI na condição de depoentes. Não existe qualquer decisão que incrimine quem quer que seja. O tratamento, a todos, deve ser cortês, educado.

Argumento
Senão, ali adiante algum depoente pode conseguir, pela via judicial, que sua convocação seja barrada. Essa, aliás, é uma preocupação de João Amin. De qualquer forma o relator ponderou da necessidade de buscar mais informações para obter melhor desempenho na terça que vem.

Suspeita
Outra questão a se destacar neste contexto. O presidente da CPI, deputado Sargento Lima solicitou que os deputados se manifestem sobre terem atuado em favor de empresas perante o governo do estado neste momento de pandemia.
Por ora, não se sabe quem teria feito o papel de lobista. A suspeita, portanto, recai sobre os 40 parlamentares e sobre a instituição Assembleia Legislativa.

Local errado
Há informações dando conta que, no centro de operações de emergência da Saúde, o que mais se via eram fornecedores circulando com grande desenvoltura por lá. Como é?
Num momento de pandemia, o que representantes de empresas estariam fazendo lá? Não é ambiente para eles, como também não para parlamentares.

Presenças
Também há indícios de que deputados teriam participado de reuniões no centro de operações de emergência. As câmeras do local podem ter flagrado essas presenças. Ou essa presença nestes encontros. Se isso ocorreu à luz do dia, até pode ser, mas se parlamentares e fornecedores participaram da mesma reunião com autoridades do governo, aí as coisas se complicam. É um comportamento inadmissível. Até aqui, sabe-se que o dinheiro, os R$ 33 milhões saíram da conta do governo estadual. Onde foram parar, ninguém sabe. Os respiradores não foram entregues e, de alguma maneira, todo mundo está querendo dizer que não sabe de nada. Postura que remonta a Lula da Silva, que declarou inúmeras vezes, não ter conhecimento do mensalão e do petrolão.