Blog do Prisco
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Fisiologista até a medula!

O PSD é um partido curioso. Gilberto Kassab, o chefão da sigla, é secretário de Governo de Tarcísio de Freitas em São Paulo, estado aonde, com a anuência do governador, vários prefeitos se preparam para ir às hostes pessedistas. No plano federal, a legenda administra junto com Lula da Silva, o PT e as esquerdas.

Aliás, vários deputados federais e estaduais do Republicanos, embora não declarem, estão incomodados com o comportamento político de Tarcísio.

Administrativamente o governador paulista está muito bem. Politicamente, contudo, parece que está comendo pelas mãos de Kassab. O desconforto no seio do Republicanos é grande, motivando especulações de que Tarcísio de Freitas pode estar indo para o PSD, tamanha a influência de Kassab sobre o carioca que administra o maior estado da federação.

Sobre a incoerência desse partido. Em São Paulo, a sigla está com o governo liderado por aquele que foi ministro de Jair Bolsonaro e um dos mais próximos ao ex-presidente.

No plano federal, os pessedistas ocupam três ministérios na extensa e dispendiosa esplanada de Lula da Silva.

Ex-deputado Laércio Schuster, Paulinho Bornhausen, Gean Loureiro e Raimundo Colombo – fotos>divulgação

Trata-se de um partido curiosíssimo. Relembremos. Em Santa Catarina, Raimundo Colombo e Julio Garcia têm problemas de longa data. Nos bastidores, o influente deputado sempre conspirou contra o lageano, inclusive nos sete anos em que Colombo pilotou Santa Catarina.

As dificuldades também sempre se desdobraram no contexto partidário quando envolviam Garcia e Colombo. Paulinho Bornahusen também é uma figura que nunca conviveu bem com Julio Garcia. Idem quando se trata de Raimundo Colombo.

OPORTUNISMO NACIONAL E ESTADUAL

 

O filho de Jorge Bornhausen nutre ciúmes acerca do parlamentar estadual, considerado o melhor aprendiz político do pai dele, Jorge Konder Bornhausen. O herdeiro natural do ex-governador e ex-ministro ficava, e às vezes ainda fica muito incomodado com o “título” conquistado pelo deputado estadual. Não se alegra, ainda, pela proximidade entre Julio Garcia e JKB.

Julio Garcia abraça Raimundo Colombo sob os olhares e aplausos de lideranças como o deputado federal Ricardo Guidi (E)

Paulinho Bornhausen, vale rememorar, foi quem trouxe João Rodrigues para o grupo partidário, hoje chamado de PSD, o antigo PFL e um desdobramento do DEM, que agora se fundiu com o PSL, formando o União Brasil.

Foi Paulinho quem levou o hoje prefeito de Chapecó para uma emissora de TV, que deu projeção ao oestino, que depois estourou de votos para deputado estadual. Na sequência, pra variar, o herdeiro Bornhausen e Rodrigues entraram em rota de colisão.

Outra situação: João Rodrigues e Paulinho Bornhausen foram secretários de Raimundo Colombo. O primeiro do Desenvolvimento Econômico e o segundo da Agricultura. Eles não foram reconduzidos após a reeleição de Colombo ao governo. O principal motivo da não renovação da investidura da dupla nos cargos foi o comportamento deles durante as reuniões do colegiado estadual.

Os dois ficavam de risinhos, piadinha, patotinhas durante as falas do chefe do Executivo numa clara atitude de desdém em relação ao então governador. Ao não serem reconduzidos, Paulinho e João Rodrigues ficaram incomodadíssimos.

Mais uma: maior liderança do Sul hoje, o prefeito Clésio Salvaro marcou a data de 26 de junho para assinar ficha no PSD. Apesar de terem superado as diferenças, o atual alcaide e o deputado Julio Garcia tiveram problemas sérios no passado.

Isso ilustra bem o diapasão dessa legenda. É uma colcha de retalhos e um partido oportunista, tanto no plano nacional quanto no catarinense.

Os líderes do PSD apoiaram Gean Loureiro em 2022 e agora já acenam a Jorginho Mello. O governador está calibrando a medida da aproximação. Ele conhece bem o PSD e suas principais figuras.

foto de capa> Raimundo Colombo, Eron Gioradani, Gean Loureiro e João Rodrigues