Blog do Prisco
Coluna do dia

Freio de arrumação

Mais uma notícia ruim para Moisés da Silva. Desta vez, de cunho parlamentar. O governador estava contando que seu amigo de longa data – fizeram faculdade juntos – Luiz Fernando Vampiro aceitaria o seu convite, assumindo a liderança do governo na Assembleia Legislativa.

O deputado estava propenso a aceitar, respaldado por boa parte da bancada estadual. O freio de arrumação, contudo, foi puxado depois que os ex-governadores Paulo Afonso Vieira, Casildo Maldaner e, especialmente, Eduardo Pinho Moreira, entraram no circuito durante a reunião ampliada do partido na segunda-feira, em Florianópolis.

Os líderes mais experientes do Manda Brasa não querem saber deste tipo de atrelamento a Moisés da Silva. Sinalização clara de que o partido projeta, ou pelo menos pretende ter candidatura própria ao governo em 2022.

Vampiro até poderia ter bancado o jogo, mas se viesse a acumular muito desgaste – o que não é improvável -, contaminado o partido, todo o revés cairia na sua conta, o que o fez reavaliar todo o quadro. O risco era enorme. E Moisés sai menor politicamente deste episódio, lembrando que no inicio do governo resolveu namorar com o MDB, ignorando os companheiros que fizeram campanha ao seu lado. Sem líder emedebista, ele também queimou de vez o ainda líder Maurício Eskudlark. Jogaram mal.

2020

O governo começou o ano em dificuldades e o quadro não tende a melhorar politicamente nos próximos meses. Além do impeachment, a Reforma da Previdência estadual está na pauta, assim como as mobilizações e pressões de categorias do funcionalismo como policiais, procuradores, professores, fiscais e por aí vai. E agora, a base de Moisés no Parlamento, que nunca foi algo sólido ou muito claro, ganha ainda mais contornos gelatinosos em pleno ano santo e eleitoral de 2020.

Alô

Depois da tensa reunião emedebista, Luiz Fernando Vampiro ligou para o secretário da Casa Civil, Douglas Borba, e o comunicou que não aceitaria a função de líder governista no Parlamento estadual.

Dirigente

O presidente estadual do MDB, deputado federal Celso Maldaner, também foi contra à possibilidade de Vampiro assumir como líder governista.

Climão

A temperatura, que já não era das mais amenas, subiu vários graus durante a reunião do MDB na Capital. Eduardo Moreira, que foi o grande incentivador da carreira política de Luiz Fernando Vampiro, trocou farpas com o deputado. Para ele, o parlamentar está sendo incoerente. A seu turno, Vampiro deu o seu recado, pedindo que críticas a ele sejam feitas olho no olho e não pelas costas. Os dois estão rompidos.

Mal na foto

Olhando-se para esta situação do MDB e também para o processo de impeachment de Moisés, Daniela Reinehr e Jorge Tasca, fica cristalina a sensação de que a articulação do governo é muito próxima de zero. A defesa do governador no pedido de impeachment foi praticamente neutralizada pelo autor do processo, Ralf Zimmer Júnior, que apresentou novos documentos  e pediu a inclusão da Procuradora-Geral, Célia Irani, na ação. Mesmo assim, não se vê qualquer reação mais incisiva por parte do palácio. O governador não anulou o ato que equiparou os salários dos procuradores do Estado aos do Legislativo e que motivou o pedido de impedimento; não exonerou a procuradora, enfim, nada acontece, numa tibieza política que deveria preocupar o governo.